Economia

Potências ficam com postos estratégicos da Comissão Europeia

França, Reino Unido e Alemanha assumem postos econômicos estratégicos na tentativa de reverter estagnação da UE

O ex-ministro da Economia francês, o socialista Pierre Moscovici: ele foi designado para a pasta de Assuntos Econômicos (Louisa Gouliamaki/AFP)

O ex-ministro da Economia francês, o socialista Pierre Moscovici: ele foi designado para a pasta de Assuntos Econômicos (Louisa Gouliamaki/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 17h43.

Bruxelas - O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reservou à França, ao Reino Unido e à Alemanha os postos econômicos estratégicos do novo executivo comunitário, com o objetivo de reverter a estagnação da União Europeia.

O ex-ministro da Economia francês, o socialista Pierre Moscovici, foi designado para a pasta de Assuntos Econômicos, posto mais cobiçado pelos Estados-membros.

O conservador britânico Jonathan Hill ficará com Serviços Financeiros, uma nomeação surpreendente e interpretada como uma concessão de Juncker a Londres, uma das mais importantes capitais financeiras do mundo.

O alemão Gunther Oettinger, responsável pela pasta de Energia na comissão de José Manuel Durão Barroso, agora partirá para Economia Digital.

Outra surpresa da equipe de Juncker é o espanhol Miguel Arias Cañete, que recebeu Ação Climática e Energia.

O governo espanhol de Mariano Rajoy busca a candidatura de seu ministro da Economia, Luis De Guindos, para ocupar em 2015 o posto de presidente do Eurogrupo, um dos mais desejados no momento. Por isso, falava-se da possibilidade de a Espanha ficar com uma pasta menos importante.

Cañete terá ainda uma "super-comissária", com o título de vice-presidente encarregada da União Energética. Será a eslovena Alenka Bratusek, que supervisará os temas transversais conduzidos por vários comissários, como o de Transporte, Mercado Interior, Indústria e Energia.

A equipe de Juncker conta com sete vice-presidentes que se ocuparão de temas transversais e coordenarão o trabalho de vários comissários.

Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, terá ainda um adjunto, considerado seu "braço direito", com o título de vice-presidente, que o substituirá quando estiver ausente. O holandês Frans Timmermans ocupará essa função.

A sueca Cecilia Malmstrom, uma liberal poliglota, será a nova comissária de Comércio, um posto central na UE, que atualmente negocia com os Estados Unidos um tratado de livre comércio para criar o maior mercado aberto do mundo.

"A Comissão Europeia que apresento é uma Comissão política, dinâmica e eficaz, pronta para dar um novo impulso à Europa", disse Juncker.

"Coloco 27 jogadores em campo. Cada um com um papel específico", acrescentou Juncker, cuja equipe dirigirá a Comissão - verdadeiro Poder Executivo do bloco - pelos próximos cinco anos.

A apresentação da nova equipe põe fim a dois meses de negociações e a uma disputa de influência entre as capitais para obter os cargos de maior peso.

"Esta Comissão tem a experiência necessária para enfrentar os desafios econômicos e geoestratégicos enfrentados pela Europa", afirmou.

A nova Comissão deverá impulsionar o crescimento econômico na Europa, estimular as reformas e reduzir o desemprego no momento em que o debate entre austeridade e políticas de crescimento opõe os principais países.

A política externa, a crise na Ucrânia, a Escócia, o possível referendo britânico em 2017 sobre sua permanência no bloco e o aumento do euroceticismo são outros desafios impostos à nova comissão.

Juncker não obteve a paridade de gênero que queria, mas conseguiu que diferentes capitais europeias enviassem mulheres para formar sua equipe. A nova Comissão tem 9 mulheres e 19 homens.

A equipe reflete o equilíbrio de forças políticas do bloco, com 14 comissários de centro-direita e da direita cristã, um conservador britânico, oito socialistas e cinco liberais.

Na nova comissão haverá quatro ex-primeiros-ministros e vários ex-ministros.

A Comissão é o órgão Executivo da UE, a instituição de maior importância. Entre suas prerrogativas está o quase monopólio da iniciativa legislativa. Ela é encarregada da aplicação das leis e de fiscalizar o respeito aos tratados.

O órgão é composto por 28 comissários, um por Estado-membro, e abarca todos os temas relativos à UE, da concorrência à justiça, passando por agricultura, energia, e ajuda humanitária, entre outros temas.

A Comissão, com sede em Bruxelas, conta com uma administração de aproximadamente 30.000 funcionários.

O mandato de cada equipe é de cinco anos. Juncker foi nomeado em julho pelos chefes de Estado e de governo da UE, apesar da dura oposição do líder britânico David Cameron e do húngaro Viktor Orban.

Depois do aval do Parlamento Europeu, Juncker vai suceder José Manuel Durão Barroso, que ocupou o cargo por dez anos.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaEuropaFrançaPaíses ricosReino UnidoUnião Europeia

Mais de Economia

Índia se torna a nova aposta de crescimento para gigantes de bens de consumo. E a China?

Inflação de julho acelera e sobe 0,38%; IPCA acumulado de 12 meses chega a 4,50%

TRF-1 autoriza Comissão de Ética da Presidência a retomar apuração sobre Campos Neto

Governo bloqueia R$ 1,7 bi do Farmácia Popular e R$ 580 milhões do Auxílio Gás

Mais na Exame