Portugal emite alerta após greve de transportadoras e crise de combustível
A medida decretada pelo governo de Portugal permite que membros das Forças Armadas possam ser usados para garantir o abastecimento de combustível
EFE
Publicado em 17 de abril de 2019 às 16h05.
Lisboa — O governo de Portugal declarou situação de alerta nesta terça-feira devido à crise energética provocada pela greve de transportadoras, uma medida que permite mobilizar militares e forças de segurança para garantir o abastecimento de combustível.
A medida foi anunciada pelo ministro adjunto e de Economia de Portugal, Pedro Siza Vieira, durante uma declaração à imprensa no parlamento, na qual explicou que o alerta permite mobilizar todos os agentes de proteção civil para restabelecer o abastecimento de combustível nas infraestruturas essenciais e nos postos de gasolina.
A declaração de alerta também obriga os motoristas de veículos pesados a ajudar com o transporte de combustíveis se forem solicitados pelas autoridades e dá prioridade às forças de emergência e segurança na hora de reabastecer.
Antes destas medidas excepcionais, o governo português já tinha aprovado em conselho de ministros a chamada "requisição civil", um instrumento legal que permite blindar operações mínimas para garantir o funcionamento dos serviços essenciais.
Este instrumento, que o Executivo do socialista António Costa só tinha utilizado uma vez em quase três anos de meio de legislatura (com a greve de enfermeiros), foi acionado porque não estão sendo cumpridos os serviços mínimos decretados antes da greve.
A greve dos transportadoras de mercadorias perigosas está causando impacto especialmente nos aeroportos, entre eles o de Lisboa, que deixou de receber combustível no meio-dia de hoje.
A gerente aeroportuária ANA admitiu que a situação poderia afetar as operações aéreas e, segundo meios de comunicação locais, vários aviões tiveram que realizar paradas em aeroportos espanhóis para reabastecer.
No final da tarde, um grupo de caminhões-pipa com combustível escoltado pelas autoridades saiu em direção ao aeroporto das instalações da Companhia Logística de Combustíveis (CLC) em Aveiras de Cima, a 50 quilômetros.
A greve dos transportadores de mercadorias perigosas, que acontece às vésperas do feriado Semana Santa, também afeta o aeroporto de Faro, no sul do país, que desde esta manhã está utilizando suas reservas de emergência.
Além disso, milhares de veículos fazem fila nos postos de gasolina que ainda têm combustível para reabastecer, o que colapsou o tráfego em algumas áreas.
A greve, que começou ontem e se prolongará por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Transportadoras de Mercadorias Perigosas, que exige a criação de uma categoria profissional específica para estes trabalhadores.
O governo convocou para esta noite uma reunião com o sindicato e com a Associação Nacional de Transportes Públicos por Estrada para tentar resolver o conflito.