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Plano de Temer de estender concessão da BR-040 pode afundar

A proposta do governo Temer de estender as concessões atuais das rodovias, sem novas licitações, pode estar ameaçada por uma decisão judicial

BR 040: irregularidades cometidas nas obras da "nova subida da serra" podem travar projeto de renovação de concessões (Arquivo/CNT)
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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 07h44.

Brasília - A aposta do governo na renovação das atuais concessões rodoviárias para criar empregos rapidamente e movimentar a economia corre risco de naufragar.

Na segunda-feira, 19, a Concer, concessionária que administra um trecho da rodovia BR-040, no Rio, teve bens bloqueados judicialmente por suspeita de superfaturamento nas obras.

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Ela lidera a fila das empresas que aguardam a extensão antecipada de seus contratos. A medida travou também os patrimônios do ex-ministro dos Transportes César Borges e do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres ( ANTT ), Jorge Bastos, entre outros diretores da agência.

A decisão da Justiça Federal, que atende a uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal (MPF), trava um total de R$ 240 milhões em bens, por causa de irregularidades cometidas em obras da "nova subida da serra", na BR-040, entre as cidades de Juiz de Fora (MG) e Petrópolis (RJ).

Para a Justiça, o início das obras foi autorizado com base em um projeto básico de engenharia, o que é proibido por lei. A construção começou sem dotação orçamentária e foi alvo de aditivos que resultaram em prejuízos aos cofres públicos.

A diretoria da ANTT e o ex-ministro César Borges, segundo os autores da ação, aprovaram a assinatura de um termo aditivo que multiplicou o preço da obra, apesar de não haver detalhamento de como ela seria paga.

No parecer, as procuradoras da República Joana Barreiro Batista e Vanessa Seguezzi, autoras da ação, afirmam que a conduta do ex-ministro no sentido de que fosse autorizado o conjunto das obras da NSS (Nova Subida da Serra) "estava imbuída de má-fé".

A ação da Justiça ocorre após uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que recomendou a paralisação imediata de pagamentos para a Concer.

A polêmica está centrada em um termo aditivo firmado em 2012, que trata da subida da serra. Avaliado inicialmente em R$ 280 milhões, o aditivo saltou para R$ 897 milhões.

Depois de encontrar irregularidades nas obras e indícios de superfaturamento superiores a R$ 200 milhões, a preços de 2012, o ministro Walton Alencar pediu que o pagamento pelas obras fosse suspenso.

Contratos

A Concer (consórcio controlado pela Triunfo Participações, com Construcap, CMSA e C.C.I. Concessões) faz parte das concessões rodoviárias que foram feitas a partir de 1996, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os contratos da Concer e da CCR Nova Dutra, empresa que atua na BR-116 entre São Paulo e Rio, vencem a partir de 2021. O desejo do governo é manter essas empresas à frente das concessões, por meio de termos aditivos nos quais as empresas assumam compromissos de entregar novas obras.

O entendimento do TCU e do Ministério Público junto à corte de contas, porém, é de que o governo deve deixar os contratos vencerem naturalmente, para que sejam relicitados.

Questionada sobre a situação do contrato com a Concer, a ANTT informou que fez um primeiro aporte de R$ 237 milhões entre dezembro de 2014 e abril de 2015 e que, depois disso, nada mais foi liberado.

"A ANTT informa que já analisou a questão e que a área técnica da agência está procedendo aos ajustes solicitados pelo TCU nos pontos em que considera pertinentes", declarou.

Sobre o bloqueio de bens, a agência informou que ainda não foi comunicada sobre a decisão judicial. "A ANTT tem convicção de todos os pontos levantados pelo MPF serão devidamente esclarecidos", informou.

A Concer também negou irregularidades e disse que realiza seus trabalhos "dentro da legalidade e lisura, sob fiscalização constante do poder concedente", informou a empresa.

Questionado, César Borges informou que as questões serão esclarecidas, já que "todos os procedimentos foram devidamente seguidos". Ele afirma ainda que "em nenhum momento autorizou a realização de obras sem dotação orçamentária".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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