PIB da China deve ter a primeira queda em 40 anos, diz estudo
Os impactos sobre os resultados da economia chinesa no primeiro trimestre de 2020 são reflexos da crise do coronavírus no mundo todo
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de abril de 2020 às 19h15.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China deverá registrar no primeiro trimestre a sua primeira queda em quarenta anos, mostra o estudo "Perspectivas do Desenvolvimento Econômico Chinês pós-Covid-19 e impactos para a economia brasileira", elaborado pela Inovasia Consulting.
"O que já se sabe sobre os efeitos do Covid-19 na economia chinesa é que o PIB chinês terá a primeira retração em 4 décadas no 1º trimestre de 2020 e, no ano, a meta de crescer 6% deve ser reduzida para 4,5%", diz o relatório.
Ainda de acordo com o estudo, as empresas vivem em compasso de espera, aguardando a abertura do Congresso Chinês, quando medidas anticíclicas de apoio às médias empresas e estímulo ao consumo das famílias devem orientar a reação do setor privado.
O estudo mostra ainda que grandes empresas do setor de turismo e entretenimento já anunciaram processos de recuperação judicial. A análise aponta que, sem política pública de incentivo à atividade econômica, as falências em 2020 devem superar números negativos registrados na crise do subprime em 2008.
Consumo
Segundo o estudo, o consumo de petróleo na China recua 30% no início de 2020 e deve seguir baixo ao longo do ano. Já a demanda por minérios seguirá estável, uma vez que grandes obras de infraestrutura foram retomadas no país.
A pesquisa ressalta ainda que associações exportadoras de classe no Brasil indicam que pedidos de proteína animal na China continuam em alta e não devem ser afetados pela crise da covid-19.
O maior desafio são as interrupções logísticas e eventual acordo chinês com produtores de frango nos Estados Unidos, o que prejudicaria exportações brasileiras.
Segundo o estudo da Ivovasia Consulting, o país asiático segue com necessidade de abastecer sua indústria de carnes, uma vez que a "gripe africana" que levou ao abate em massa de suínos, na China, não foi superada.
O estudo destaca também que fábricas chinesas voltam a operar perto de sua capacidade máxima. No entanto, fabricantes locais temem acelerar sua produção de componentes, já que o cenário internacional mostra desaquecimento. Há temor de que investimentos na produção não se paguem, se a demanda no Ocidente não for retomada.