Economia

Petróleo na Margem Equatorial pode dobrar reserva provada de barris no Brasil, diz diretora do BNDES

Luciana Costa defendeu que o Brasil precisa abrir novas fronteiras de produção de Petróleo para não precisar importar um óleo com mais pegada de carbono

Luciana Costa: Mundo ainda vai precisar de combustíveis fósseis  (Leandro Fonseca/Exame)

Luciana Costa: Mundo ainda vai precisar de combustíveis fósseis (Leandro Fonseca/Exame)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 13h18.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 15h34.

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A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, afirmou nesta segunda-feira, 5, que, para realizar a transição energética, o Brasil ainda precisará de petróleo e defendeu a pesquisa exploratória na Margem Equatorial brasileira, no litoral do Amapá. Costa disse que o potencial da região pode fazer o país dobrar as reservas provadas de petróleo na próximas décadas.

"No pré-sal, de reserva aprovada, temos 14 bilhões de barris de óleo. Na margem, que ainda precisa fazer a pesquisa exploratória, pode ter de 10 a 25 bilhões de barris de petróleo", disse Costa, durante entrevista ao programa Macro em Pauta, da EXAME.

Costa explicou que com o declínio previsto -- e natural -- na produção de petróleo no pré-sal, o Brasil precisa abrir novas fronteiras de produção para não ter problemas e evitar importar um óleo com mais pegadas de carbono, como o produzido pela Arábia Saudita e Guiana.

"Se não produzirmos petróleo na Margem Equatorial, vamos importar da Arábia Saudita ou da Guiana, que está fazendo isso do nosso lado. O petróleo do pré-sal, de águas profundas ou ultra profundas do Brasil, é menos intensivo em carbono, no processo de explorar e produzir, do que o petróleo do Oriente Médio", afirmou. "Por isso, corremos o risco de não fazer a pesquisa exploratória e depois ter que importar um petróleo mais intensivo em carbono."

A executiva do banco de fomento afirmou também, ao defender a exploração, que ela começaria apenas em quatro anos e resultaria em preços competitivos em um contexto de transição energética.

Sobre os cuidados necessários com a região, Costa afirmou que a Petrobras tem tecnologia e experiência comprovadas para explorar sem causar acidentes graves.

"A Petrobras já explorou quase 3.000 poços sem acidentes graves. Ela não é uma empresa com o currículo da BP, no Golfo do México, por exemplo. A Petrobras tem a tecnologia e sabe fazer direito. Nós como sociedade temos que cobrar que ela faça direito e que exista plano de redundância e mitigação de riscos", afirmou.

Demanda energética

A diretora do BNDES disse ainda que o caminho para uma transição energética justa é mudar a demanda de matriz energética e não restringir a oferta, por isso seria importante buscar formas mais eficientes de produção de petróleo.

"O que é uma transição energética justa? É a gente mudar a demanda e não restringir a oferta. Não faz sentido eu restringir a oferta de energia. Imagina um cenário onde restringimos a produção de petróleo, o barril vai para US$ 200. Isso vai gerar inflação e empobrecer a população. O que precisamos é exigir uma transição energética dessas empresas, onde os dividendos das companhias de óleo do mundo vão para o desenvolvimento das plantas de hidrogênio verde", disse.

Luciana exemplificou que o caminho para esse processo é investir em ônibus elétricos e caminhões movidos a biometano, para ficar em apenas dois cenários.

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