Economia

Petrobras aumenta gasolina mas tenta controlar inflação

Como já fez em junho, a empresa programou o reajuste dos preços para o meio do mês a fim de diluir o impacto no índice de inflação. A defasagem entre os mercados interno e externo não foi eliminada, prejudicando acionistas da petrolífera

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

O aumento dos preços pela Petrobras no meio do mês guarda motivos claros porém inconfessos, segundo a Global Invest. Para a consultoria, o anúncio do reajuste a partir de amanhã é um cuidado da empresa em evitar uma alta indesejada na inflação. "Como empresa aberta, [a Petrobras] poderia ser acusada de estar se preocupando com o interesse do governo com a inflação em vez de defender o acionista". A Petrobras estima que o impacto médio (veja tabela) nos preços ao consumidor seja de 1,6% na gasolina e 3,8% no diesel, "mantendo-se as mesmas margens de distribuição e revenda, preço do álcool e ICMS praticados atualmente".

Na verdade, a Petrobras continua procurando o difícil equilíbrio entre o interesse do acionista e o do governo federal - mas, ainda, quem perde é o primeiro. O reajuste, anunciado nesta quinta-feira (14/10), prevê um aumento médio de 2,4% no preço de faturamento da gasolina e de 4,8% do diesel, para vigorar nas refinarias a partir de amanhã. Sem considerar os tributos federais - com valores fixos por litro -, os aumentos foram de 4% e 6%, respectivamente (os cálculos não incluem a incidência do ICMS, imposto estadual). É o segundo aumento do ano: em 14 de junho a empresa havia incrementado os preços em 10,6%.

De acordo com a Global Invest, a correção foi mais tímida do que os 10% esperados pelo mercado: "a empresa poderia ter elevado [os preços] mais do que os percentuais anunciados para maximizar seus lucros e gerar mais dividendos aos seus acionistas". A consultoria ressalva que a petrolífera "não precisa elevar seus preços para manter a rentabilidade", porque o custo médio de produção é inferior a 10 dólares por barril, e desde junho, o barril do petróleo tipo Brent subiu 43,8%, chegando a ser negociado a 50,84 dólares nesta tarde (ainda assim, os custos têm crescido, como mostra reportagem da revista EXAME). Para efeito de cálculo, a Global Invest elege os Estados Unidos como referência, afirmando que os preços no Brasil poderiam subir 20% para acompanhar a cotação da gasolina naquele país, onde o insumo já subiu 34% este ano.

Eleições

Para a Global Invest, "não se deve descartar novo(s) reajuste(s) após o segundo turno das eleições municipais, em 31 de outubro", já que a iminência do inverno no hemisfério norte vai manter pressão sobre a cotação do petróleo. Além disso, como a defasagem entre o preço praticado internamente e o do mercado externo não foi substancialmente reduzida, a consultoria aposta em um novo reajuste após as eleições municipais, em um percentual entre 5% e 10%.

Peso no bolso

Impactos nos índices de preços dos reajustes
da gasolina (2,4% nas refinarias e 1,6% para o consumidor)


Índice


Impacto (em ponto percentual)

IPCA

0,07 (0,035 em outubro e 0,035 em novembro)

IGPs

0,14 (0,12 pelo IPA e 0,02 pelo IPC)

IPC FIPE

0,04

*
o reajuste do diesel tem impacto quase nulo sobre os índices de inflação
Fonte: Global Invest
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