Economia

Pesquisa do IBGE ajuda produtor a escolher áreas de plantio

Na avaliação do gerente da pesquisa, Luis Celso Guimarães, o novo critério vai favorecer os produtores nas análises das regiões de plantio


	Pesquisa do IBGE inclui a avaliação dos tipos de eucalipto produzidos fora de áreas nativas
 (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)

Pesquisa do IBGE inclui a avaliação dos tipos de eucalipto produzidos fora de áreas nativas (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 10h09.

Rio de Janeiro - Pela primeira vez, a Pesquisa da Extração Vegetal e da Silvicultura (Pevs), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisou dados referentes ao número dos principais produtos madeireiros da silvicultura, divididos nas principais espécies plantadas para exploração.

Um exemplo é a avaliação dos tipos de eucalipto produzidos fora de áreas nativas. Na avaliação do gerente da pesquisa, Luis Celso Guimarães, o novo critério vai favorecer os produtores nas análises das regiões de plantio. Segundo ele, essa era uma reivindicação do setor.

"Era uma solicitação do usuário para saber que tipo de espécie estava sendo mais plantada no Brasil, além da localização e distribuição delas. Este ano, a gente vai ter a produção desses artigos madeireiros por municípios. Onde, por exemplo, está o pinus. É importante saber qual a espécie melhor adaptável por região. O produtor verá qual a variedade de eucalipto que vai plantar e verificar a que se adapta à região em que ele está", disse Guimarães em entrevista à Agência Brasil.

A Pevc 2014 analisou dados de 38 produtos originados do extrativismo vegetal e sete da silvicultura, em todos os municípios brasileiros, referentes ao ano-base 2013.

A produção da extração vegetal é obtida nas matas nativas e da silvicultura nas matas plantadas. A extração vegetal é dividida em nove grupos, entre eles, o dos alimentícios, das oleaginosas, fibras, ceras, dos corantes e das madeiras.

A silvicultura inclui produtos não madeireiros, como resina, folhas de eucalipto, cascas de acácia-negra e madeiras para papel e celulose, além do carvão e da lenha. Os dados foram passados por 1.893 informantes, por meio da Rede de Coleta do IBGE.

"É uma pesquisa que não vai direto ao produtor. Ela é obtida de maneira indireta, por meio de contatos com associações, cooperativas e discutida também nos grupos de estatísticas agropecuárias e nas comissões municipais de estatísticas agropecuárias. Os informantes são variáveis e estamos, no momento, montando um cadastro de pessoas, que varia muito de estado para estado. Há estado em que a atividade é mais intensa e tem mais informantes. Há outros em que a atividade não é tão acompanhada, então fica menor o número de informantes", acrescentou.

De acordo com a pesquisa, a produção florestal primária atingiu R$ 18,7 bilhões, sendo a maior parte (76,1%), R$ 14,1 bilhões, referente à silvicultura, e 23,9% ou R$ 4,5 bilhões, à extração vegetal. Os produtos madeireiros de extração vegetal representaram R$ 3,2 bilhões, enquanto o restante é formado por não madeireiros. Na silvicultura, os quatro produtos madeireiros somaram R$ 14,1 bilhões e os três não madeireiros registraram R$ 143,8 milhões.

Também no ano passado, o grupo de produtos alimentícios da produção extrativa não madeireira indicou maior valor de produção, com 71,3% de participação no resultado obtido pelo segmento, seguido das ceras (10,6%), oleaginosas (10,4%) e fibras (6,8%). O açaí se destacou pelo valor de produção (R$ 409,7 milhões), acompanhado da erva-mate nativa (R$ 400 milhões) e da castanha-do-pará (R$ 72,1 milhões).

A produção de açaí extrativo chegou, em 2013, a 202.216 toneladas, o que significou aumento de 1,6%, na comparação com o ano anterior. O estado do Pará é o maior produtor nacional e teve o melhor resultado do país, com 54,9%. A Região Norte é a que concentra a maior parte da produção em extrativismo vegetal não madeireiro. De acordo com o técnico do IBGE, diante da grande demanda do açaí, as matas do produto já começaram a receber áreas plantadas, mudando a classificação para produção agrícola. O babaçu apresentou queda de 8,3%, comparado a 2012. "De acordo com o que está sendo oferecido em termos de valor, há falta de motivação de quem coleta os produtos, passando para outros produtos. Se tiver alguma coisa que pague melhor, a pessoa passa para outra cultura", observou.

Luiz Celso informou que, oficialmente, os produtos madeireiros da extração vegetal são os que causam maior preocupação, porque indicam a retirada das matas nativas, mas os produtos estão apresentando decréscimo. "Os três produtos, carvão, lenha e madeira em tora, apresentavam decréscimo. Isso já vem acontecendo ao longo do tempo. Determinados estados proibiram a utilização de carvão e lenha originados de matas naturais, de extração vegetal. Todas as olarias e carvoarias têm que trabalhar com madeira de silvicultura. Alguns estados têm isso bem firme. Não podem utilizar madeiras de matas nativas. Então, diminui o impacto sobre essas matas. Passa a depender mais da silvicultura", esclareceu.

Apesar disso, o técnico explicou que esse é um dado positivo para o combate da extração ilegal. "Nós trabalhamos com dados oficiais, com dados que a gente pode mensurar. Não indica que acabou a extração ilegal. Indica que nos dados oficiais houve queda", disse.

O gerente da pesquisa lembrou que o plantio de eucalipto fornece 95% da produção nacional de carvão vegetal da silvicultura, 85% da produção de lenha e 68% da produção de madeira em tora.

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