Prateleiras vazias em supermercado de Porto Alegre (Diego Vara/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de maio de 2018 às 15h10.
Última atualização em 27 de maio de 2018 às 16h14.
São Paulo - Com a greve dos caminhoneiros, os supermercados brasileiros já perderam vendas equivalentes R$ 1,320 bilhão por conta do desabastecimento de produtos perecíveis, frutas, verduras, legumes, laticínios e carnes in natura. Só os supermercados do Estado de São Paulo deixaram de vender cerca de R$ 400 milhões de produtos perecíveis desde o início da greve. O cálculo é do superintendente da Associação Paulista de Supermercados , Carlos Correa.
"É um estimativa conservadora", frisa o executivo. Apesar de a greve durar quase uma semana, ele considerou nos cálculos a perda de vendas de cinco dias porque, nos primeiros dias da greve, havia produtos perecíveis nas lojas e as vendas não foram prejudicadas. Correa diz que os produtos perecíveis respondem 36% das vendas dos supermercados e que a greve já afeta hoje 80% do abastecimento desses itens.
As estimativas de prejuízo correspondem à realidade encontrada pelos consumidores nas lojas.
Além da batata, a cebola, o tomate e as verduras estão entre os produtos que o consumidor mais sentia falta na manhã de ontem. Em uma outra loja da Rua Domingos de Morais, no mesmo bairro, as hortaliças já tinham acabado desde sexta-feira. No freezer em que elas costumam ficar guardadas, o lojista colocou garrafas de suco de laranja, para preencher parte do espaço vago.
O matemático Luiz Xavier, de 55 anos, faz as contas: "Se eu levar mais um pacote de arroz, fico tranquilo para os próximos dias". Ele, que vai todos os sábados ao supermercado, diz que o movimento aumentou ontem e que as pessoas parecem estar exagerando nas compras. "Sempre que tem uma ameaça de falta de produtos, as pessoas reagem estocando alimento em casa, o que só faz acelerar a escassez. Eu vou continuar comprando o que costumava levar, lembro bem do desabastecimento do Plano Cruzado (em 1986)."
O baixo movimento desanimou os feirantes do "varejão" da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O sábado, que costuma ser o dia mais movimentado, foi mais curto e muitos feirantes não foram embora antes do fim da feira. Eles estimam que metade das barracas nem abriram e o movimento caiu entre 60% e 70%.