Economia

Participação da América Latina na economia global não avança

Relatório apontou porém que fatia das principais cidades no PIB latino está ganhando mais destaque


	Caribe (foto) e América Latina mantém participação na economia mundial
 (Wikimedia Commons)

Caribe (foto) e América Latina mantém participação na economia mundial (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2012 às 17h11.

São Paulo – Mesmo com o crescimento do Brasil, que participa até do termo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), sendo um dos principais emergentes do mundo, a participação da América Latina e Caribe na economia mundial pouco mudou com o passar dos tempos. A conclusão é de um relatório produzido pela ONU-Habitat, divisão da Organização das Nações Unidas para assentamento humano.

O estudo avaliou o desenvolvimento econômico e social dos países ao longo dos anos e apontou que, em 1970, a economia da região contribuía com 6,5% do total global, número que, atualmente, está quase estável, em 7%.

Ocorreram apenas algumas mudanças entre as nações da região. A participação do Brasil no Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, aumentou em oito pontos percentuais de 1970 para 2009. O México também teve um pequeno aumento em sua participação, enquanto o Caribe passou a pesar menos no PIB regional.

O relatório também indica que a situação econômica dos países da América Latina é muito heterogênea e o PIB se divide de maneira bem irregular. Entre as principais economias, destaque para o Brasil, que fica com 32% do total, e para o México, com 25%. Na ponta contrária, o Caribe tem apenas 1% do PIB da região.

A importância das cidades

“As cidades são verdadeiros motores econômicos para a América Latina”, resumiu a ONU-Habitat no relatório.

A economia desses municípios individualmente colabora muito para a economia geral da região. Segundo a ONU, as 40 principais cidades da América Latina e Caribe produzem juntas um PIB anual de mais de 842 bilhões de dólares. A ONU também calcula que dois terços do PIB da região é produzido em áreas urbanas, com concentração de serviços e indústrias.

Megacidades

A ONU-Habitat também apontou uma mudança na maneira como as megacidades colaboram para a economia da região. Segundo o relatório, o peso relativo dessas regiões está diminuindo em detrimento de cidades um pouco menores, mas que oferecem condições competitivas.


As cidades com essas características, porém em “fronteira” com cidades maiores, por exemplo, se beneficiam por atrair grandes investimentos industriais.

O conceito de megacidade é definido não só pelo tamanho da população, mas também pelo desempenho econômico, social, cultural e político. 

Segundo a ONU-Habitat, em 1950 não existiam megacidades na América Latina. Atualmente, são oito delas. As maiores, com mais de 10 milhões de habitantes cada, são a Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires e Rio de Janeiro. Em seguida, com uma população entre 5 milhões e 10 milhões de habitantes, estão Lima, Bogotá, Santiago e Belo Horizonte.

Desafios e soluções

O que a América Latina precisa para crescer economicamente é também algo que desafia os países. O relatório aponta que surgem agora novos polos econômicos e cidades que se conectam e aumentam as possibilidades de desenvolvimento social e econômico.

Ao mesmo tempo em que isso é positivo, também aumenta o risco de criar mais desigualdades sociais entre os territórios. Para mitigar esse risco, sugere o relatório, as grandes áreas urbanas precisariam criar políticas mais inclusivas.

Na visão da ONU, o crescimento acelerado de novos polos econômicos demanda uma atenção particular pelos desafios que cria. “Poucos governos locais estão preparados para assumir mudanças dessa magnitude. Sem acompanhamento técnico e político, as cidades se sujeitam a repetir o cenário de crescimento desordenado e habitação precária com as consequências econômicas, sociais e ambientais que já se conhece”, apontou o relatório.

> Confira também: Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina

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