Economia

Para procuradores, indicação de Guedes compromete combate à sonegação

Integrantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ameaçam entregar cargos de chefia se Guedes nomear Siqueira para a PGFN

Paulo Guedes: Futuro ministro da economia disse que vai dar "uma facada" nos recursos para o Sistema S (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Paulo Guedes: Futuro ministro da economia disse que vai dar "uma facada" nos recursos para o Sistema S (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 07h17.

Brasília - Diante da possibilidade de o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, indicar o atual diretor jurídico do BNDES, Marcelo de Siqueira, para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) reafirmou na quarta-feira, 12, que a entidade é "firmemente contra indicações alheias aos quadros técnicos da carreira".

O sindicato avisou ainda que, se Guedes insistir em nomear alguém de fora, isso poderá jogar por terra resultados obtidos até hoje no combate à sonegação e à lavagem de dinheiro. Apesar disso, e entidade garantiu que não planeja prejudicar nem boicotar "nenhum governo ou ministério".

Como mostrou ontem o Broadcast, os integrantes da PGFN ameaçam entregar todos os cargos de chefia se Guedes nomear Siqueira para o comando da Procuradoria. Pelo menos 80 procuradores anunciaram que deixarão o cargo caso a indicação seja confirmada. Órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, a PGFN é responsável por atuar na cobrança judicial das dívidas que empresas e pessoas físicas têm com a União e pelo assessoramento jurídico do ministro da Fazenda.

Para o Sinprofaz, a decisão de nomear alguém de fora para chefiar a PGFN "tende a romper com o virtuoso ciclo de resultados verificado no órgão, podendo impactar, inclusive, no combate à sonegação fiscal, aos grandes devedores tributários e à lavagem de dinheiro". "Não há de se escolher alguém desconhecedor dos meandros da atuação da Procuradoria da Fazenda Nacional para geri-la, ainda que, eventualmente, detenha essa pessoa considerável respaldo político ou, até mesmo, conhecimento técnico em área totalmente estranha às atribuições fazendárias", diz a nota do sindicato.

A entidade reafirmou que aguarda a indicação do titular da PGFN "com base em critérios técnicos e levando em consideração o profundo conhecimento da instituição". Segundo o Sinprofaz, a PGFN é um dos órgãos mais técnicos do Executivo federal, o que justifica a escolha de seu titular entre o corpo técnico.

A entidade "repele indicações políticas para o cargo" e argumenta ainda que essa "metodologia seletiva técnica" adotada nos últimos anos tem dado resultado. Só no ano passado a PGFN obteve para a União R$ 450 bilhões em ganhos diretos (por meio da cobrança da dívida ativa) e indiretos (via atuação administrativa e judicial).

Acompanhe tudo sobre:BNDESGoverno BolsonaroMinistério da FazendaPaulo GuedesSonegação fiscal

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor