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Para aprovar Previdência, Guedes evita embates e adia pauta liberal

Fontes da equipe econômica dizem que orientação é não fazer barulho e evitar problemas com congressistas para aprovar a medida prioritária

Paulo Guedes, ministro da Economia, cercada por jornalistas dias após a vitória eleitoral de Bolsonaro (Sergio Moraes/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 12h32.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 12h34.

Para garantir a aprovação da reforma da Previdência , o ministro da economia, Paulo Guedes , terá que adiar outras batalhas da sua agenda liberal, segundo dois integrantes da equipe econômica que falaram sob a condição de anonimato porque a discussão não é pública.

Viabilizar a reforma e melhorar a trajetória de endividamento do país exigirão de Guedes destreza para não desagradar bancadas importantes no Congresso, como a ruralista e a da indústria.

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A orientação do gabinete ministerial é, por enquanto, adotar medidas que facilitem o ambiente de negócios no Brasil, mas sem custo fiscal ou político, disse um secretário do ministério da Economia.

Ou seja, a intenção é evitar embates com congressistas com potencial de causar danos à reforma da Previdência, considerada pelo governo o primeiro grande teste de força política e divisor de águas do sucesso ou fracasso da pauta econômica.

Um dos embates a serem evitados são os cortes no Sistema S, que Guedes anunciou que faria, segundo um integrante da equipe econômica. Durante a campanha, Guedes também havia prometido rever todos os subsídios, incluindo agricultura e indústria.

Tendo em vista que o governo pretende aprovar a reforma no primeiro semestre, o restante da pauta liberal deverá ficar para ao menos depois da votação da PEC. A ideia é não fazer barulho, disseram as fontes.

Abertura comercial

Há quem defenda no governo uma abertura comercial só depois que for radicalmente mudado o sistema tributário do país:

"Para fazer abertura comercial, temos que fazer antes a reforma tributária. Se não reorganizarmos a questão dos tributos, principalmente a nossa indústria não suporta um choque de competitividade", afirmou o vice-presidente General Hamilton Mourão.

A gestão de Jair Bolsonaro teve, recentemente, um exemplo de que é preciso coordenação com o Congresso para não desagradar bancadas importantes e com votos essenciais para a reforma da Previdência.

O primeiro caso em que o governo precisou voltar atrás por pressão de ruralistas aconteceu na semana passada, quando a equipe de Guedes acabou com a tarifa antidumping do leite em pó de origem europeia sem aviso prévio. Após protestos, o governo decidiu voltar a colocar uma tarifa de importação.

Depois do episódio, Guedes se reuniu com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, para acalmar os ânimos.

“Foi um episódio didático, entendemos que não houve má-fé. O governo poderia ter percebido antes que a tarifa expiraria, mas não estava no radar porque é um governo novo, que ainda está chegando”, disse o deputado.

Moreira avalia que esta questão foi localizada e, por ora, não tem impacto no apoio do setor ao governo.

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