Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Andre Coelho/Bloomberg via/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 24 de maio de 2024 às 16h56.
Última atualização em 24 de maio de 2024 às 17h17.
A alta dos alimentos devido à tragédia climática no Rio Grande do Sul, que representa 6,5% do produto interno bruto do país, pode levar o Brasil a ter uma inflação mais elevada que o esperado.
A constatação é do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participou nesta sexta-feira do X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O estado é responsável por 12,7% do PIB do agronegócio, produzindo 99% da safra brasileira de canola, 73% de aveia, 71% de arroz, 45% de centeio e 40% de trigo.
"Apesar de a safra de arroz já ter sido colhida, teve o problema de o solo ser danificado, de a logística ser danificada... aveia, arroz e trigo são as coisas que mais afetam o IPCA", apontou o presidente do BC.
Embora ainda não seja possível dimensionar o impacto dos alagamentos, Campos Neto se mostrou preocupado e destacou que os países com perspectiva de menor inflação para 2024 e 2025 têm preço da alimentação mais controlado.
Campos Neto também deixou claro que observa com cautela qual será o custo de reconstrução do Rio Grande do Sul e como isso pode impactar o quadro fiscal brasileiro. Para ele, em qualquer parte do mundo, se o fiscal não estiver ajustado, os banqueiros centrais do mundo terão mais trabalho.
Para ele, porém, não há perspectiva de que a inflação de alimentos continue caindo mundo afora.
"E quanto vai custar a reconstrução do Rio Grande do Sul? Precisamos esperar para ver como isso afeta o fiscal daqui para a frente."