Economia

País caminha para inflação próxima a outros emergentes, diz Ilan

Presidente do Banco Central afirmou que a meta de inflação do Brasil caminha para estar próxima de patamares de outros países emergentes

Ilan Goldfajn: presidente do Banco Central afirmou que a ancoragem das expectativas permitiu a intensificação da flexibilização monetária (Lula Marques/Bloomberg)

Ilan Goldfajn: presidente do Banco Central afirmou que a ancoragem das expectativas permitiu a intensificação da flexibilização monetária (Lula Marques/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 12h45.

São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta terça-feira, 31, na capital paulista, que o Brasil está no caminho para, no longo prazo, reduzir a meta de inflação a patamar parecido com o de países emergentes, que é de 3%.

Ao participar de evento promovido pelo Credit Suisse que contou também com a presença do presidente da República, Michel Temer, Ilan Goldfajn deixou claro, porém, que essa é uma tendência de longo prazo.

"Por enquanto, buscamos nossa meta atual, que é 4,5%", assinalou o presidente do BC, ao responder uma questão sobre a possibilidade de a meta brasileira convergir ao padrão de outros países.

Ilan Goldfajn afirmou que, em junho, será definida a meta de 2019. Ele destacou que a inflação tanto deste ano como de 2018 está dentro da meta atual.

Flexibilização monetária

O presidente do Banco Central afirmou que a ancoragem das expectativas permitiu a intensificação da flexibilização monetária, o que de fato foi feito, com o corte de 0,75 ponto porcentual em janeiro. "A ancoragem das expectativas abriu espaço para o atual ritmo de corte", comentou.

Ilan afirmou que claramente a flexibilização vai ajudar na atividade econômica, mas que a política monetária não pode fazer tudo sozinha. Nesse contexto, ele comentou que muito tem se falado sobre a taxa de juros estrutural da economia. Ele afirmou que essa taxa depende de questões como produtividade, segurança econômica (fiscal e jurídica), qualidade das instituições e estabilidade de regras.

"O nível da taxa de juros estrutural da economia também é afetado por medidas focadas na intermediação financeira. Um sistema financeiro mais eficiente e com menos subsídios cruzados tende a contribuir para a queda da taxa de juros estrutural da economia", afirmou.

BC+

Ele lembrou que o BC apresentou recentemente a agenda de trabalho BC+, com medidas organizadas em quatro pilares que buscam: aumentar a cidadania financeira, aprimorar o arcabouço legal, aumentar a eficiência do sistema financeiro e reduzir o custo de crédito. "Ontem foi anunciada a segmentação e proporcionalidade para a regulamentação prudencial. As instituições grandes terão a regulamentação mantida, mas as menores terão exigências menores. Isso aumenta a competitividade", explicou.

Ilan também comentou sobre as mudanças nos compulsórios, com medidas que simplificam e harmonizam as regras e os procedimentos relacionados aos recolhimentos compulsórios, com o objetivo de reduzir custos de observância das instituições financeiras. Ele ainda mencionou que o BC está tentando melhorar as garantias do sistema e na semana passada colocou em consulta pública a Letra Imobiliária Garantida (LIG).

Efeito Trump

Numa resposta sobre como o País vai enfrentar a instabilidade no cenário externo com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o presidente do Banco Central disse que o câmbio vai seguir flutuando e que vai se movimentar de acordo com o risco de choque.

Durante evento promovido pelo Credit Suisse na zona sul da capital paulista, Ilan Goldfajn afirmou que o País, em meio ao cenário global incerto, tem um balanço de pagamento estável, reservas internacionais suficientes e estoque menor de swap cambial.

Ele ressaltou que o trabalho de sua autarquia tem sido efetivo em conter a inflação e que a política monetária, complementada por outros esforços do governo, pode contribuir para a retomada do crescimento econômico.

Menos suscetível

O presidente do Banco Central afirmou que o Brasil está menos suscetível a choques externos do que esteve no passado, citando a queda no déficit em conta corrente para 1,3% do PIB no ano passado e o IDP de 4,4%.

Ele também mencionou o nível elevado de reservas internacionais e a redução no estoque de swaps cambiais tradicionais.

"Vivemos em um regime de câmbio flutuante, mas isso não impede o BC de usar os instrumentos à sua disposição para evitar volatilidade excessiva no câmbio", comentou.

Ele lembrou que o estoque de swaps cambiais foi reduzido de US$ 108 bilhões para US$ 26 bilhões, e permanece nesse patamar desde novembro de 2016.

"Esse montante menor traz mais conforto. O que não significa que não possamos voltar a diminuir o tamanho do estoque de swaps cambias no futuro, inclusive no próximo vencimento, quando vencerão quase U$ 7 bilhões de swaps. Nós podemos rolar parcialmente se quisermos, ou rolar tudo ou não rolar nada. Depende das condições", comentou.

Acompanhe tudo sobre:Banco Centraleconomia-brasileiraIlan GoldfajnInflação

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor