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Pacote de corte de gastos ainda está em negociação, afirma Lula

Presidente se mostra resistente a cortes em programas sociais, enquanto Haddad anuncia reunião decisiva para esta quinta-feira

Lula questiona o Congresso e o mercado financeiro sobre pressão por cortes no orçamento (Cadu Gomes/AFP)

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 20h17.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 20h17.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista à RedeTV! nesta quarta-feira, 6, que o aguardado pacote de corte de gastos do governo ainda não está finalizado.

Em julho, o governo anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas para 2023 e R$ 25,9 bilhões para 2024, mas o mercado e agentes econômicos insistem que são necessários mais cortes para fechar as contas públicas. Lula tem defendido que os cortes não comprometam os programas sociais.

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Em meio à discussão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convocou uma reunião para esta quinta-feira, 7, às 9h30, com o objetivo de finalizar o pacote de medidas fiscais. Na tarde desta quarta-feira, Lula se reuniu com líderes de diversas pastas, em um cenário de disputa interna sobre a divisão dos cortes.

Desde o início das discussões, e do governo, Lula tem reforçado que investimentos sociais não devem ser tratados como gastos. Esse posicionamento tem gerado instabilidade no mercado financeiro, com oscilações no câmbio e na bolsa de valores. Ao mesmo tempo, a equipe econômica se esforça para construir um pacote de medidas que reduza o déficit fiscal e atinja as metas estabelecidas pelo arcabouço fiscal.

O presidente também criticou a “gana especulativa” do mercado e questionou se empresários que recebem subsídios estariam dispostos a abrir mão desses incentivos para ajudar no ajuste fiscal. "Acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, sabe, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou Lula.

Conflito com o Congresso

Além das divergências internas, Lula também expressou descontentamento com o Congresso Nacional. Desde o início das discussões sobre o ajuste fiscal, o governo tem indicado que o Legislativo também deve participar dos cortes, especialmente no que diz respeito ao orçamento de emendas parlamentares.

“O Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer?” questionou o presidente, sinalizando a expectativa de que os parlamentares também assumam parte do ônus do ajuste.

Disputa interna por orçamento

A disputa pelo orçamento divide a cúpula do governo, uma vez que cada ministério tenta proteger sua fatia de recursos e evitar cortes mais profundos. Até agora, a estratégia foi distribuir os cortes de forma ampla, minimizando o impacto em cada área. No entanto, muitos ministros argumentam que não há mais espaço para novas reduções, pois os cortes anteriores já chegaram ao limite.

A decisão final sobre os cortes ainda dependerá do Congresso. O governo deve propor uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para abranger as medidas de corte. As negociações, lideradas por Haddad, estão em fase inicial e devem se intensificar nas próximas semanas.

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