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Onda de calote vai crescer, prevê agência

O maior impacto virá do varejo, de provisões a serem feitas para calotes de pessoas físicas e pequenas e médias empresas

O maior impacto virá do varejo, de provisões a serem feitas para calotes de pessoas físicas e pequenas e médias empresas (BernardaSv/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2015 às 10h05.

São Paulo - Os grandes bancos aumentaram em R$ 6,9 bilhões suas reservas contra calotes de setembro do ano passado a março deste ano.

Este valor representa 23% mais do que o registrado no período de setembro de 2013 a março de 2014 e reflete uma piora na carteira de crédito por causa da crise econômica e da Operação Lava Jato .

A investigação policial levou à reclassificação de risco de muitas empresas envolvidas na operação ou de companhias ligadas ao setor de óleo e gás.

Segundo análise da agência de classificação de risco Fitch Ratings, as provisões dos bancos vão aumentar na média 30% até o fim do ano e apenas um terço das reservas será por causa da Lava Jato.

Uma parte menor será efeito da crise em setores como açúcar e álcool.

O maior impacto, segundo a diretora da Fitch, Esin Celasun, virá do varejo , de provisões a serem feitas para calotes de pessoas físicas e pequenas e médias empresas, afetadas por alta dos juros e desemprego .

"Os resultados dos bancos já mostram um aumento do provisionamento e da inadimplência", disse Esin.

Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual e Itaú tiveram despesas com provisões para devedores duvidosos - nome técnico da movimentação das reservas para calotes - de R$ 29,7 bilhões entre o último trimestre de 2014 e o primeiro trimestre deste ano.

Foi neste período que a Lava Jato atingiu com mais intensidade as empresas e a crise econômica se agravou.

Este valor foi quase um quarto maior do que o mesmo período dos anos anteriores e marcou uma aceleração expressiva em relação a outros trimestres, quando as despesas cresciam na faixa de 10% a 15%, quase no mesmo ritmo do crédito.

As despesas com provisões são feitas por causa de atrasos registrados pelos bancos e pela expectativa de calotes futuros. "A percepção de que o risco aumentou é nítida em todo o mercado financeiro", diz Edson Arisa, sócio da empresa de auditoria PwC. "A dúvida é se o varejo vai acentuar ou não esse risco."

No total da carteira de crédito, as despesas com as provisões representam um porcentual pequeno. Mas cada real a mais registrado nesta conta afeta o lucro dos bancos.

Quando essa conta sobe muito acima do avanço da carteira de crédito, os bancos apertam as condições de financiamento e as empresas começam a ter mais dificuldades para obter empréstimos e pagam mais caro por eles.

Grandes empresas

Nas divulgações de resultados do primeiro trimestre, bancos como Itaú e Bradesco informaram que fizeram reforços de provisões de grupos econômicos que estão na carteira de grandes empresas.

As provisões do Itaú cresceram quase 30%, e nos últimos dois trimestres as despesas ultrapassaram R$ 11 bilhões. Já as do Bradesco cresceram cerca de 17%.

De acordo com Cláudio Gallina, da Fitch, os dois bancos são os que têm melhores colchões de reserva para calotes. A Caixa é que trabalha mais no limite, mas o banco ainda não divulgou resultados neste ano.

O Banco do Brasil tem uma situação confortável, segundo a Fitch e aproveitou resultados mais promissores para elevar em 25% as provisões. Segundo os executivos do banco, a elevação não foi apenas por causa de grandes empresas, atingindo também o varejo.

Já no BTG o salto foi de 73%, chegando em dois trimestres a R$ 434 milhões. No caso do banco de André Esteves, o crédito problemático era da Eneva, empresa de energia que pertencia ao grupo de Eike Batista e foi comprada pelos alemães da E.ON. A Eneva entrou em recuperação judicial no ano passado.

Empreiteiras

Boa parte do reforço de provisões dos bancos reflete o grande número de recuperações judiciais pedidas à Justiça no início de ano por empresas ligadas à Lava Jato.

Empreiteiras como Alumni, OAS e Galvão Engenharia, além do grupo Schahin, que atua na operação de navios sondas da Petrobrás, registraram mais de R$ 15 bilhões em dívidas a serem renegociadas.

Dos grandes bancos privados de capital aberto, o único que registrou uma queda das despesas com provisões foi o Santander.

No primeiro trimestre, um dos motivos foi o fato de o banco ter vendido R$ 1 bilhão de sua carteira de créditos com atrasos, o que se refletiu na conta final.

Alguns analistas que acompanham a instituição, porém, dizem que nos próximos trimestres essas despesas devem voltar a registrar aumento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Os grandes bancos aumentaram em R$ 6,9 bilhões suas reservas contra calotes de setembro do ano passado a março deste ano.

Este valor representa 23% mais do que o registrado no período de setembro de 2013 a março de 2014 e reflete uma piora na carteira de crédito por causa da crise econômica e da Operação Lava Jato .

A investigação policial levou à reclassificação de risco de muitas empresas envolvidas na operação ou de companhias ligadas ao setor de óleo e gás.

Segundo análise da agência de classificação de risco Fitch Ratings, as provisões dos bancos vão aumentar na média 30% até o fim do ano e apenas um terço das reservas será por causa da Lava Jato.

Uma parte menor será efeito da crise em setores como açúcar e álcool.

O maior impacto, segundo a diretora da Fitch, Esin Celasun, virá do varejo , de provisões a serem feitas para calotes de pessoas físicas e pequenas e médias empresas, afetadas por alta dos juros e desemprego .

"Os resultados dos bancos já mostram um aumento do provisionamento e da inadimplência", disse Esin.

Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual e Itaú tiveram despesas com provisões para devedores duvidosos - nome técnico da movimentação das reservas para calotes - de R$ 29,7 bilhões entre o último trimestre de 2014 e o primeiro trimestre deste ano.

Foi neste período que a Lava Jato atingiu com mais intensidade as empresas e a crise econômica se agravou.

Este valor foi quase um quarto maior do que o mesmo período dos anos anteriores e marcou uma aceleração expressiva em relação a outros trimestres, quando as despesas cresciam na faixa de 10% a 15%, quase no mesmo ritmo do crédito.

As despesas com provisões são feitas por causa de atrasos registrados pelos bancos e pela expectativa de calotes futuros. "A percepção de que o risco aumentou é nítida em todo o mercado financeiro", diz Edson Arisa, sócio da empresa de auditoria PwC. "A dúvida é se o varejo vai acentuar ou não esse risco."

No total da carteira de crédito, as despesas com as provisões representam um porcentual pequeno. Mas cada real a mais registrado nesta conta afeta o lucro dos bancos.

Quando essa conta sobe muito acima do avanço da carteira de crédito, os bancos apertam as condições de financiamento e as empresas começam a ter mais dificuldades para obter empréstimos e pagam mais caro por eles.

Grandes empresas

Nas divulgações de resultados do primeiro trimestre, bancos como Itaú e Bradesco informaram que fizeram reforços de provisões de grupos econômicos que estão na carteira de grandes empresas.

As provisões do Itaú cresceram quase 30%, e nos últimos dois trimestres as despesas ultrapassaram R$ 11 bilhões. Já as do Bradesco cresceram cerca de 17%.

De acordo com Cláudio Gallina, da Fitch, os dois bancos são os que têm melhores colchões de reserva para calotes. A Caixa é que trabalha mais no limite, mas o banco ainda não divulgou resultados neste ano.

O Banco do Brasil tem uma situação confortável, segundo a Fitch e aproveitou resultados mais promissores para elevar em 25% as provisões. Segundo os executivos do banco, a elevação não foi apenas por causa de grandes empresas, atingindo também o varejo.

Já no BTG o salto foi de 73%, chegando em dois trimestres a R$ 434 milhões. No caso do banco de André Esteves, o crédito problemático era da Eneva, empresa de energia que pertencia ao grupo de Eike Batista e foi comprada pelos alemães da E.ON. A Eneva entrou em recuperação judicial no ano passado.

Empreiteiras

Boa parte do reforço de provisões dos bancos reflete o grande número de recuperações judiciais pedidas à Justiça no início de ano por empresas ligadas à Lava Jato.

Empreiteiras como Alumni, OAS e Galvão Engenharia, além do grupo Schahin, que atua na operação de navios sondas da Petrobrás, registraram mais de R$ 15 bilhões em dívidas a serem renegociadas.

Dos grandes bancos privados de capital aberto, o único que registrou uma queda das despesas com provisões foi o Santander.

No primeiro trimestre, um dos motivos foi o fato de o banco ter vendido R$ 1 bilhão de sua carteira de créditos com atrasos, o que se refletiu na conta final.

Alguns analistas que acompanham a instituição, porém, dizem que nos próximos trimestres essas despesas devem voltar a registrar aumento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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