Economia

OCDE reduz previsão de crescimento global para 3% em 2016

Todas as economias do G-7 - o grupo das sete maiores economias do mundo desenvolvido - tiveram piora das previsões de crescimento


	OCDE: todas as economias do G-7 - o grupo das sete maiores economias do mundo desenvolvido - tiveram piora das previsões de crescimento
 (Eric Piermont/AFP)

OCDE: todas as economias do G-7 - o grupo das sete maiores economias do mundo desenvolvido - tiveram piora das previsões de crescimento (Eric Piermont/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 14h17.

Londres - O desapontamento com dados recentes e as incertezas à frente fizeram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortar a previsão de crescimento da economia global em 0,3 ponto porcentual - para 3% em 2016.

Todas as economias do G-7 - o grupo das sete maiores economias do mundo desenvolvido - tiveram piora das previsões de crescimento.

Agora, a OCDE acredita que a economia neste ano terá o mesmo ritmo de 2015. A previsão de crescimento em 2017 também foi reduzida em 0,3 ponto, para 3,3%.

"O crescimento do Produto Interno Bruto global em 2016 não deve superar o de 2015, que foi o ritmo mais lento nos últimos cinco anos. Previsões têm sido novamente revisadas para baixo à luz do desapontamento com dados recentes.

O crescimento está mais lento em muitas economias emergentes, com uma muito modesta recuperação nas economias desenvolvidas e baixos preços deprimindo exportadores de commodities", cita o relatório divulgado na manhã desta quinta-feira, 18.

A entidade lembra ainda que o comércio exterior segue fraco e a demanda vagarosa tem levado países a um quadro de baixa inflação e crescimento inadequado dos salários e empregos. Os problemas também estão no mercado financeiro, onde os "riscos são substanciais".

"Mercados financeiros reavaliam as perspectivas de crescimento levando a queda no preço das ações e maior volatilidade", diz o documento.

Por isso, a OCDE cortou a previsão de crescimento em 2016 para todas as economias desenvolvidas listadas no documento. O crescimento dos Estados Unidos, por exemplo, foi reduzido em 0,5 ponto porcentual, para 2%.

Para a Alemanha, a estimativa teve corte idêntico, para 1,3%. Mais dependente das commodities, o Canadá teve redução da estimativa para o PIB de 0,6 ponto, para 1,4%. Para o conjunto da zona do euro, houve diminuição da previsão de crescimento de 0,4 ponto, para 1,4%.

Diante do cenário de desaceleração global, a OCDE sugere um conjunto de fortes políticas para fortalecimento da demanda.

"A política monetária não pode trabalhar sozinha, política fiscal é contracionista em muitas grandes economias e as reformas estruturais estão mais lentas. Todas essas três ferramentas de política devem ser usadas de forma mais ativa para criar um crescimento mais forte e sustentado", diz a entidade.

China

Mesmo com o aumento das incertezas globais, a OCDE manteve a previsão de crescimento para a China em 2016 e 2017. Neste ano, a maior economia asiática deve crescer 6,5% e o ritmo desacelerará para 6,2% em 2017 - quadro idêntico ao divulgado em novembro. A organização entende que o uso de estímulos fiscais e monetários deve afastar o risco de que a economia chinesa desacelere ainda mais profundamente.

A OCDE reconhece que o esforço que o governo da China tem feito para amenizar o processo de desaceleração que está em curso. Por isso, a entidade não cortou as previsões para o crescimento chinês na atualização do cenário divulgada nesta manhã.

"A atividade está sendo apoiada por estímulos fiscais e monetários", resume a OCDE, ao lembrar que o déficit público chinês cresceu 2,1 pontos do PIB em 2015 e deve aumentar.

Apesar de não ter piora nos números, a OCDE ressalta que a China está em tendência de desaceleração. Em 2015, o país cresceu 6,9%, estima a organização. "O crescimento abranda enquanto a economia se reequilibra da indústria para os serviços. Isso tem implicações substanciais para os preços das commodities globais e o comércio", diz o relatório. A entidade nota que administrar esse processo de transformação da economia chinesa é ainda mais desafiador em um quadro de volatilidade do mercado financeiro.

A OCDE cita ainda que todo o conjunto das economias emergentes tem mostrado sinais de desaceleração. Além do ritmo menos vigoroso da China, a entidade destaca o aprofundamento da recessão no Brasil e o impacto negativo da queda do petróleo para a Rússia.

Entre as 11 economias com previsões divulgadas pela OCDE, a Índia é a única que teve melhora da estimativa de crescimento em 2016. A previsão para o PIB indiano avançou 0,1 ponto ante novembro, para 7,4%. Mesmo assim, há riscos e a estimativa para 2017 caiu 0,1 ponto, para 7,3%. "O crescimento indiano deve permanecer robusto ainda que as enchentes recentes tenham tido impacto negativo no curto prazo e são necessários progressos adicionais na execução de reformas estruturais", diz o documento da OCDE.

Brasil

Nesta quinta, a entidade, previu que a recessão brasileira será ainda mais profunda que o estimado no fim do ano passado. A OCDE rebaixou a estimativa de contração do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2016 de -1,2% para -4%.

A atualização das perspectivas econômicas culpa as incertezas políticas e a inflação elevada pela piora do cenário. A OCDE alerta ainda que a desvalorização do real pode ser preocupante devido ao aumento da dívida externa no País.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaIndicadores econômicosOCDEPIB

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação