O que faz uma pintura valer mais de 100 milhões de dólares?
O mercado de arte é irracional e arbitrário? Para dois economistas da Universidade de Chicago, não - ele faz um bom trabalho em premiar a inovação
João Pedro Caleiro
Publicado em 2 de setembro de 2015 às 17h34.
São Paulo - Quem acompanha os números do mercado de arte pode sentir às vezes que as coisas fugiram do controle.
Desde 2010, 8 obras de arte moderna foram vendidas em leilões por mais de US$ 100 milhões.
Em maio, uma obra de Pablo Picasso foi vendida por US$ 179 milhões, batendo o recorde anterior de um tríptico de Francis Bacon adquirido por US$ 142 milhões em 2013.
É preciso levar em conta que vários ativos estão valorizando por causa da avalanche de recursos criada pela expansão monetária dos países ricos no pós-crise.
Mas isso não responde a questão: o mercado de arte está funcionando de forma irracional e arbitrária na sua escolha do que e de quem valorizar?
Foi este o objeto de um estudo publicado recentemente por David Galeason e Simone Lenzu, economistas da Universidade de Chicago .
Eles olharam para dois dos artistas mais importantes nascidos no século XX: os pintores americanos Jackson Pollock (1912-56) e Andy Warhol (1928-87).
Antes de 2000, o maior preço dado por um Pollock havia sido US$ 22,1 milhões. Esse valor já dobrou para US$ 59,3 milhões.
O recorde de US$ 7,9 milhões para um Warhol obtido pré-2000 foi multiplicado 13 vezes para US$ 107,2 milhões.
Leilões, livros e exposições
Controlando por tamanho e formato das pinturas, assim como o momento da venda, o estudo definiu o auge da carreira dos dois artistas em termos do preço obtido em leilões.
"Os três Pollocks que excederam US$ 25 milhões cada foram feitos nas idades de 36, 37 e 39 anos, e 16 dos 22 Warhols que passaram dos US$ 25 milhões foram feitos aos 34 ou 35 anos".
Depois, os autores buscaram entender o que experts consideram significativo olhando para dois critérios: obras incluídas em guias de arte publicados na Inglaterra desde 1990 e obras incluídas nas retrospectivas mais recentes destes artistas em museus.
Resultado: um forte padrão. Tanto mercado quanto livros quanto exposições concordam em relação ao pico na carreira destes artistas.
"Os leilões colocam o pico de Pollock entre 36 e 38 anos. Os guias de arte dizem 38 anos. Suas retrospectivas mais recentes definem como 36 anos. As pinturas mais caras de Warhol foram feitas entre 34 e 35 anos. Os guias colocam seu pico aos 34, e sua retrospectiva mais recente faz o mesmo."
Inovação
O que os autores do estudo estão dizendo é que no curto prazo, um artista pode ficar na moda graças à atenção de críticos de arte, negociadores e colecionadores.
Mas no longo prazo, o que acaba contando é influência que ele conseguiu exercer sobre outros artistas através de inovação - palavra chave para onde quer que se olhe na economia.
No caso de Pollock, a inovação inclui a técnica do gotejamento, na qual o pincel não toca as telas, em obras monumentais sem um ponto central de atenção. No caso de Warhol, uma das novidades foi o uso da serigrafia com símbolos da cultura pop em padrões repetitivos.
"Os mercados de arte permitem a colecionadores investir na genialidade e os resultados são sistemáticos, já que os trabalhos mais inovadores e os artistas mais inovadores são aqueles que conseguem os melhores preços", concluem os autores.
São Paulo - Além de serem responsáveis por grandes sucessos da indústria do cinema, algumas celebridades também se destacam em outro departamento: o de colecionar obras de arte que custam verdadeiras fortunas.
A consultoria americana Wealth-X reuniu 10 importantes diretores e artistas de Hollywood que investem boa parte do patrimônio em arte.
David Geffen, produtor musical, teatral e de cinema , por exemplo, tem mais de 30% do seu patrimônio investidos em obras de arte. Já o ator Leonardo DiCaprio tem 10 milhões de dólares aplicados em obras de arte.
Veja nas imagens 10 celebridades que também colecionam fortunas em arte.
Investimentos em obras de arte: US$ 2,3 bilhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 7 bilhões |
32,8% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 600 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 6,4 bilhões |
9,3% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 600 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 5 bilhões |
12% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 240 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 3,2 bilhões |
7,5% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 100 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 400 milhões |
25% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 50 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 700 milhões |
7,1% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 25 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 400 milhões |
6,2% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 14 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 95 milhões |
14,7% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 12 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 380 milhões |
3,1% do patrimônio são investidos em arte |
Investimentos em obras de arte: US$ 10 milhões |
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Patrimônio líquido estimado: US$ 260 milhões |
3,8% do patrimônio são investidos em arte |