Economia

O quanto os juros podem cair? A esperada ata do Copom

Em meio à pandemia do coronavírus, o Banco Central fez um corte ousado de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que foi de 3,75% para 3%

CONSUMO: números de abril mostram um forte movimento deflacionário em meio às medidas de isolamento social / REUTERS/Amanda Perobelli

CONSUMO: números de abril mostram um forte movimento deflacionário em meio às medidas de isolamento social / REUTERS/Amanda Perobelli

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2020 às 06h15.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 06h31.

A terça-feira começa com forte expectativa no mercado com a divulgação da ata do Copom, que vai trazer mais pistas sobre a trajetória dos juros e da política monetária do Brasil em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Na semana passada, o Banco Central fez um corte ousado de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que foi de 3,75% para 3%. A decisão surpreendeu uma parte do mercado, que trabalhava com um cenário de corte menor, de meio ponto.

Apesar da decisão ter sido por unanimidade, dois membros do comitê eram a favor de um corte ainda maior, e o comunicado destacou que pode haver um novo corte da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para os dias 16 e 17 de junho.

Uma nota assinada por Alberto Ramos, chefe de pesquisa econômica para América Latina no Goldman Sachs, destaca que a ata pode explicar melhor o que o Copom quis dizer com a necessidade de “estímulo monetário extraordinariamente elevado”, termo usado no comunicado publicado pelo BC ao anunciar a redução de juros. Também é esperado que a ata explique o que poderia acontecer até junho para que o Copom altere sua posição.

Os números do IPCA de abril, divulgados dois dias após a reunião do Copom, mostram um forte movimento deflacionário em meio às medidas de isolamento social e paralisação de várias atividades econômicas. A taxa de -0,31% foi a menor dos últimos 22 anos.

Além disso, o Copom citou no comunicado uma “conjuntura de elevada incerteza doméstica” que pode reduzir a margem de manobra da política monetária. Isso sem falar na fuga de dólares e alta do câmbio, que se acelera na medida que o diferencial de juros do Brasil se reduz no cenário internacional.

Já o Itaú Unibanco destaca em nota que “dadas as recentes mudanças legais, o Banco Central deverá em breve estar em posição de atuar no mercado de títulos públicos, de modo a impedir que a curva de juros fique muito mais inclinada”. Com isso, o Copom pode ficar “mais confortável para agir de forma mais rápida na parte curta da curva de juros”. Os próximos meses prometem ser interessantes para quem acompanha política monetária no Brasil.

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