Economia

O mundo pós-coronavírus: as impressões de Armando Castelar para a economia

Para o economista Armando Castelar, a tendência é que cresça o uso de robôs e que as pessoas morem mais longe do trabalho

Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo)

Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 13 de abril de 2020 às 16h36.

Última atualização em 14 de abril de 2020 às 10h41.

Que mundo encontraremos após a pandemia do coronavírus? Que lições teremos aprendido? Como passaremos a lidar com a saúde? Como ficarão aspectos do cotidiano, como as relações de afeto, o mercado de consumo, a espiritualidade? E a economia? Ninguém tem ainda essas respostas.

O resultado vai depender de nossa com­preensão dos acontecimentos, dos posicionamentos da sociedade civil, das atitudes socialmente responsáveis das empresas, dos caminhos adotados pelos governantes. Em resumo: vai depender de nós.

Para tentar antecipar esses cenários, falamos com especialistas em diversas áreas. O resultado você confere nesta reportagem da edição 1207. Nos próximos dias, continuaremos o debate com outros especialistas aqui no site.

A seguir, o depoimento do economista Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro:

O governo americano projeta que em abril o coronoavírus matará de 100.000 a 200.000 americanos. O Imperial College, universidade inglesa, fala de mais de 600.000 mortes nos Estados Unidos nos próximos meses. No Brasil, seriam de 270.000 mortes para cima. São números assustadores. Mesmo que não se chegue a tal (tomara), a covid-19 causará um drama humanitário gigante. Assim como uma grande crise econômica, que também causará muito sofrimento. Impensável que depois o mundo volte a ser o mesmo.

Na economia, acredito que, depois da crise, aumentará o uso de robôs, que haverá uma relativa desglobalização e que muitos trabalhadores passarão a trabalhar a maior parte do tempo de casa, com as empresas reduzindo gastos com escritórios e instalações. Isso também exigirá rearranjos domésticos e fará as pessoas morarem mais longe do trabalho, para terem mais espaço em casa.

No nível mais macro, os governos sairão muito mais endividados. E tenho dúvidas: a Área do Euro sobreviverá à falta de cooperação entre os países europeus nesta crise? A privacidade será sacrificada em prol da saúde pública, como ocorreu este ano na China?

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