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O futuro dos shoppings

Os centros comerciais vão se integrar cada vez mais à estrutura urbana

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h47.

O modelo tradicional de shopping center vem se alterando nos últimos anos. Cada vez mais, arquitetos e empreendedores buscam criar espaços para a interação entre comércio, escritórios e residências. O novo modelo, na verdade, inspira-se nos centros históricos das cidades, onde há uma grande variedade de uso, com residências muitas vezes localizadas acima das lojas e escritórios que fazem parte do mesmo contexto. É o que chamamos de mixed use, ou projetos de uso misto.

O comércio passa a ser um condutor social, uma espécie de aglutinador de atividades. O ideal é manter os espaços sempre ativados com pessoas comprando, trabalhando ou residindo. Os centros comerciais devem ser projetados de forma muito mais aberta à estrutura urbana da cidade, como um complemento ao conjunto existente.

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Nessa retomada do modelo histórico, que procura valorizar a movimentação do pedestre, os arquitetos e empreendedores têm a oportunidade única de reforçar imagens e conceitos regionais, dando uma identidade pertinente à cultura do lugar. Assim, podem dar uma formidável contribuição histórica e social, já que em algumas cidades as raízes de seus habitantes foram esquecidas quase por completo.

No projeto de arquitetura que desenvolvemos para o Market Place Shopping Center, em São Paulo, incorporamos imagens históricas de uma estação ferroviária. Ela evoca uma época importante da história da cidade de São Paulo e reforça a idéia de que o empreendimento comercial pode valorizar a história local. O empreendimento compreende dois usos: lojas (shopping) e escritórios (duas torres de escritórios). Os corredores das lojas têm características de rua, com luz natural e pontos de vegetação.

O bairro paulistano de Cerqueira César é um ótimo exemplo de mix de lojas, residências e escritórios -- e pode servir de inspiração para os novos empreendimentos comerciais. Nessa região, as lojas têm uma relação muito especial com as calçadas, criando uma movimentação de pedestres excepcional, acentuada pelo grande número de edifícios residenciais e comerciais que formam o conjunto. Este, sim, é um perfeito exemplo de uso misto.

Nos Estados Unidos, novos projetos vêm resgatando a idéia de main street, ou seja, comércio de rua, áreas abertas, de passeio, de interação social, para morar e para trabalhar. Idealizamos o Dolphin Mall, em Miami, com a idéia de que as compras fossem envolvidas em uma grande e memorável experiência, dando um ar quase de entretenimento à caminhada pelos corredores de lojas. Aqui, como no Market Place em São Paulo, a idéia foi criar uma sucessão de ambientes que refletissem o mundo exterior, ruas e praças de nossas regiões urbanas.

Esses novos rumos serão, sem dúvida, incorporados cada vez mais à visão empreendedora da indústria varejista brasileira, dando continuidade a uma promissora época de interação de usos e costumes. Por meio da formatação dessas experiências, arquitetos e empreendedores vão contribuir para engrandecer as relações humanas em nossas cidades.

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