Economia

Novo terminal em Pernambuco exporta 1ª carga de açúcar refinado

O início das atividades ocorre em um momento de forte aquecimento do mercado global de açúcar

Cana de açúcar: o objetivo do TAS é atuar como prestador de serviço independente (Thinkstock/Thinkstock)

Cana de açúcar: o objetivo do TAS é atuar como prestador de serviço independente (Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 14h31.

São Paulo - O primeiro navio carregado com açúcar refinado deverá partir nesta sexta-feira de um novo terminal construído no porto de Suape, em Pernambuco, abrindo mais um canal de exportação para usinas do Nordeste em um momento de grande demanda internacional pelo produto.

O empreendimento, conhecido como Terminal de Açúcar de Suape (TAS), foi construído pela Agrovia do Nordeste, um consórcio controlado pelas empresas de logística Odebrecht Transport e Agrovia.

A conclusão do primeiro embarque, ainda que numa operação parcial, marca a entrada no mercado do terminal de açúcar que está em fase final de conclusão, um projeto onde foram investidos até agora 58 milhões de reais, para a construção de armazém e outras estruturas e para a compra de um equipamento de carregamento das embarcações (shiploader).

"A gente já enxerga um interesse cada vez maior pela utilização do terminal... O timing do início da operação foi casado com início da safra (do Nordeste)", disse à Reuters o diretor da Agrovia do Nordeste, Rodrigo Veloso.

Dados de agências marítimas mostram que o navio Jumper, contratado pela trading francesa Sucden, foi carregado com 20 mil toneladas de açúcar refinado e tem a Argentina como destino.

O objetivo do TAS é atuar como prestador de serviço independente, embarcando açúcar refinado por usinas na Zona da Mata de Pernambuco.

"A gente vai buscar um mercado de 400 mil a 500 mil toneladas por ano. São as usinas de Pernambuco e eventualmente no norte de Alagoas", revelou Veloso.

Segundo ele, nestas primeiras semanas, os embarques são feitos pelos guindastes dos próprios navios.

No início de dezembro chegará a Suape o shiploader comprado no exterior, que terá capacidade para embarcar 2.500 sacos de açúcar por hora. O equipamento deverá entrar em funcionamento no final de janeiro, reduzindo o tempo de carregamento dos navios de 15 dias para 5 ou 6 dias.

A expectativa da empresa é oferecer tarifas competitivas para desbancar outros operadores que atualmente usam estruturas de Suape e do porto de Recife para realizar os embarques.

"Quando nosso projeto estiver 100 por cento operacional, a gente tem competitividade para atender todas as usinas de Pernambuco... Temos 10 contratos em negociação para açúcar", disse o executivo.

O início das atividades ocorre em um momento de forte aquecimento do mercado global de açúcar.

Os preços do açúcar refinado tocaram em setembro uma máxima de quatro anos na bolsa de Londres, acompanhando movimento semelhante do açúcar bruto, em cenário de déficit na oferta global da commodity.

O açúcar de Pernambuco, assim como de outros Estados do Nordeste, chega ao mercado entre o fim do ano e o início do próximo, justamente no período oposto à oferta do centro-sul do Brasil, região que responde por cerca de 90 por cento da produção nacional.

A produção de açúcar bruto de Pernambuco em 2016/17 deverá atingir 1,13 milhão de toneladas, segundo a Conab, em uma alta de 38 por cento ante a temporada anterior, que foi bastante afetada por seca. A produção brasileira neste temporada está estimada em aproximadamente 40 milhões de toneladas.

Açúcar bruto

Veloso disse que a empresa "gastou um pouco mais" para comprar um shiploader híbrido, que além de transportar açúcar em sacas, poderá movimentar também granéis. A opção é uma aposta numa segunda fase do projeto do terminal, que poderá operar também com embarques de açúcar bruto.

"Num futuro próximo, tendo demanda, a gente analisaria construir uma armazém para açúcar bruto", disse o executivo, sem revelar volumes potenciais.

Outra opção que está na mira do consórcio é a operação de outros granéis agrícolas.

Há tratativas em andamento para alterar o contrato de arrendamento da área em Suape, para permitir movimentação de grãos.

Segundo o diretor, já foram feitos contatos com cervejarias da região, para a importação de grãos para malte, e com fábricas de farinha, para importação de trigo.

"Numa ótica um pouco mais distante, em termos de viabilidade, a gente avalia também exportação de soja", disse o executivo.

Em 2038, no fim do contrato de concessão da área, o terminal pretende atingir 738 mil toneladas de produtos por ano.

O Terminal de Açúcar de Suape tem 75 por cento de participação da Odebrecht Transport e 25 por cento da Agrovia.

A Odebrecht Transport, por sua vez, é uma empresa de operação logística, com atuação no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em ferrovias urbanas, concessão de rodovias, além de outros portos. É controlada pelo grupo Odebrecht , com fatias também minoritárias do FGTS e BNDESPar.

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