Você acha que o Facebook deveria existir na China? (Thinkstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 8 de agosto de 2015 às 07h00.
São Paulo - Apesar dos esforços do governo, o mercado de ações da China continua registrando fortes perdas.
Há quem diga que essa é uma mera correção após uma forte alta claramente insustentável, e que a transmissão destas perdas para a economia real é mais limitada do que em outras economias - o que tem sua dose de razão.
Mas o clima importa, e não são apenas as ações que estão balançando no país.
Há alguns dias, a Associação de Concessionárias de Automóveis da China disse que as vendas poderiam cair pela primeira vez em mais de 17 anos se a crise continuar.
Um relatório recente da consultoria econômica Macquarie Research, especializada em Ásia-Pacífico, trouxe uma série de gráficos sobre a economia do país. Veja 3 deles:
1. O transporte ferroviário de fretes não cresce mais
Tradicionalmente, analistas utilizam medidas como consumo de eletricidade e volume de transporte de fretes para tirar o pulso da economia chinesa.
Nesse segundo caso, os números são fracos: queda de 12% em junho, a maior desde o auge da crise financeira em 2008, e isso após mais de um ano e meio de quedas. A demanda por escavadoras também caiu 34% no mês.
2. A produção de cimento e aço está em queda
Outro número desanimador é o da produção de materiais: a de aço está em território negativo desde o começo do ano, enquanto a de cimento registra quedas desde meados do ano passado.
Esta é uma medida importante porque a China depende muito de construção pesada para seu crescimento: entre 2011 e 2013, o país usou mais cimento (6,6 gigatoneladas) do que os Estados Unidos em todo o século XX (4,5 gigatoneladas).
Seria ótimo se iso fosse sinal de que a China está conseguindo fazer uma transição bem-sucedida para um modelo que dê mais peso ao consumo, mas não é o que os números do PIB sugerem.
3. O pico da população em idade de trabalhar já passou
A política de filho único na China teve sucesso em conter uma explosão populacional no país, mas vai começar a cobrar um preço. A partir de agora serão menos chineses em idade produtiva e mais aposentados colocando pressão sobre os gastos sociais.
Hoje, a Índia é o único dos BRICS que ainda pode contar com o chamado "bônus demográfico".