Não arruíne o comércio, dizem líderes emergentes a Trump em Davos
Lideranças temem que qualquer retorno ao protecionismo possa arruinar décadas de crescimento econômico baseado no comércio
Reuters
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 11h28.
Davos - A globalização é boa. Essa é a mensagem que os líderes dos países em desenvolvimento querem enviar do fórum de Davos ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump , que assumirá o cargo nesta sexta-feira.
Eles temem que qualquer retorno ao protecionismo possa arruinar décadas de crescimento econômico baseado no comércio, o que tirou incontáveis milhões da pobreza.
Quanto aos problemas dos operários, a globalização tem ajudado a atingir uma inflação fraca e baixo desemprego para os norte-americanos também, argumentam eles.
Eleito com uma plataforma anti-imigração e protecionista, Trump já causou tumulto nos mercados financeiros de muitos países em desenvolvimento com ameaças de romper acordos comerciais e impor "um imposto de fronteira muito grande" sobre algumas importações.
Essa mensagem tem repercutido especialmente no México, devido ao receio de que empresas norte-americanas que produzem bens lá para exportações enfrentem pressão para se retirar, o que pode custar centenas de milhares de empregos e bilhões de dólares em receitas de exportação.
"A posição do continente africano é: não arruíne o comércio", disse o ministro das Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, durante painel de discussão. "Não arruíne o potencial de crescimento em países em desenvolvimento, isso é crucial para a inclusão. Essas são as expectativas que a nova administração precisa ouvir."
A mais forte defesa da globalização e do comércio foi feita pelo presidente da China, Xi Jinping. Ele comparou o protecionismo "a se trancar em um quarto escuro" e alertou os governos a não priorizarem seu próprio desenvolvimento às custas dos outros.
A China tem sido o maior beneficiário da globalização, tornando-se a maior economia exportadora do mundo. Mas isso veio em parte às custas dos trabalhadores norte-americanos, com estimativa de que quase um terço dos empregos industriais dos EUA foi perdido de 2000 a 2010.