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Não adianta culpar globalização por problemas do mundo, diz Xi

Em seu discurso de inauguração do Fórum Econômico Mundial, o presidente chinês afirmou que "hoje vivemos em um mundo de contradições"

O presidente da China, Xi Jinping, abre o Fórum Econômico Mundial em Davos (Ruben Sprich/Reuters)
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EFE

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 10h56.

Davos - O presidente da China, Xi Jinping , afirmou nesta terça-feira que muitos dos problemas do mundo não foram causados pela globalização econômica, mas admitiu que esta gerou novas dificuldades e que é preciso resistir a seu impacto negativo e assegurar que seus benefícios cheguem a todos os países.

"Não adianta nada culpar a globalização pelos problemas do mundo. Simplesmente não é o caso e não ajudará a resolver" as dificuldades, afirmou Xi em seu discurso de inauguração do Fórum Econômico Mundial realizado na cidade alpina de Davos, na Suíça.

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O chefe de Estado chinês recorreu às palavras utilizadas pelo escritor Charles Dickens para descrever o mundo depois da Revolução Industrial, ao se referir ao estado atual do mundo: "É o melhor dos tempos, é o pior dos tempos".

"Hoje também vivemos em um mundo de contradições. Por um lado temos um crescimento material e avanços científicos e tecnológicos, e a humanidade evoluiu mais do que nunca. Por outro, temos conflitos regionais frequentes, terrorismo e refugiados, pobreza, desemprego e uma desigualdade de renda cada vez maior", disse o governante chinês.

Para o chefe de Estado chinês, tudo isso aprofundou as incertezas no mundo, e por isso "muitas pessoas se perguntam o que aconteceu de errado".

"Algumas pessoas culpam a globalização econômica por este caos em nosso mundo", algo que já foi considerado como um tesouro, mas que "se transformou na caixa de pandora" nos olhos de muitos, e a comunidade internacional se encontra imersa em um "debate agitado sobre a globalização", afirmou Xi.

"O argumento que quero expor aqui é que muitos problemas inquietantes não são causados pela globalização econômica", comentou o chefe de Estado chinês, ao citar como exemplo as ondas de refugiados do Oriente Médio e do norte da África, que se transformaram em preocupações globais.

"Milhões de pessoas foram deslocadas e crianças pequenas perderam suas vidas em sua tentativa de atravessar o mar", afirmou o presidente chinês.

Xi ressaltou que são as guerras, os conflitos e as turbulências regionais que causaram este problema, e acrescentou que sua solução está na paz, na reconciliação e na recuperação da estabilidade.

Além disso, o presidente chinês citou como exemplo de outros problemas do mundo a crise financeira internacional, que "não é um resultado inevitável da globalização, mas da caça excessiva de lucro e do fracasso da regulação" financeira, opinou.

Para Xi, a globalização fomentou o crescimento econômico e facilitou a circulação de bens e capitais, promoveu os avanços tecnológicos, a civilização e a interação entre cidadãos.

O governante chinês reconheceu, no entanto, que este fenômeno "também é uma faca de dois gumes", pois quando as economias estão sob pressão ou em crise, é difícil aumentar o "bolo" para conseguir uma melhor e maior distribuição e os benefícios diminuem.

"Tanto economias desenvolvidas como em vias de desenvolvimento experimentaram este golpe" e as vozes contra a globalização se intensificaram, "algo que temos que levar a sério", disse Xi.

O presidente chinês admitiu que a globalização criou novos problemas, mas insistiu que isto não deve ser "nenhuma justificativa para desacreditá-la de tudo".

Xi acrescentou que é preciso resistir a seu impacto negativo e proporcionar seus benefícios a todos os países.

"Houve um momento no qual a China também teve dúvidas sobre a globalização e não tinha certeza se faria ou não parte da Organização Mundial do Comércio (OMC)", lembrou o presidente chinês, mas Pequim chegou à conclusão que a integração na economia global do país "representava uma tendência histórica" e finalmente "abraçou" o vasto mercado global.

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