Economia

Mujica e Dilma conversam sobre abertura de mercados

''Encontramos franca compreensão e vontade política'', sobretudo relativa ao comércio e à possibilidade de melhorar a entrada das mercadorias, disse o presidente uruguaio

''No fundo, tentamos vender o esforço do trabalho dos uruguaios'', explicou Mujica (Antonio Cruz/ABr)

''No fundo, tentamos vender o esforço do trabalho dos uruguaios'', explicou Mujica (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h59.

Brasília - O presidente do Uruguai, José Mujica, se reuniu nesta quinta-feira com Dilma Rousseff, com quem discutiu alternativas para abrir mercados, aproveitar a enorme capacidade de consumo do Brasil e incentivar investimentos no seu país.

''Encontramos franca compreensão e vontade política'', sobretudo relativa ao comércio e à possibilidade de melhorar a entrada das mercadorias uruguaias ao mercado brasileiro, declarou Mujica a jornalistas na Base Aérea de Brasília, pouco antes de retornar a Montevidéu.

''No fundo, tentamos vender o esforço do trabalho dos uruguaios'', explicou o líder, para quem é preciso melhorar a qualificação para melhorar também a renda do Uruguai, e para isso terá pleno apoio do Brasil nas áreas de inovação, ciência e tecnologia.

Mujica foi recebido por Dilma em sua residência oficial do Palácio da Alvorada, o que foi considerado uma atitude de consideração por parte das autoridades brasileiras, que informaram sobre a reunião através do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O gesto incomum de realizar a reunião na residência oficial de Dilma demonstrou o caráter fraterno das relações entre Brasil e Uruguai, disse Patriota. Ele afirmou que durante a reunião foram tratados assuntos referentes à integração dos países, que será desenvolvida em três grandes eixos.

Esses três pontos de uma integração inovadora e voltada ao futuro serão a cooperação em ciência e tecnologia, a integração das bases de produção entre Brasil e Uruguai e a interconexão na área energética, informou o ministro brasileiro.


Mujica afirmou que também encontrou plena disposição em Dilma para cooperar com o desenvolvimento de uma indústria barqueira, que não seria somente para o Uruguai, mas também para a própria indústria brasileira e para aqueles que desejam aproveitar o enorme mercado que é o Brasil.

A ideia, segundo Mujica, é que os investidores se instalem no Uruguai para consumir no Brasil e conseguir assim uma segurança de mercados para os industriais que operam no Uruguai.

Na área energética, Mujica disse que o Brasil também apoiará o desenvolvimento de parques eólicos, não apenas para produzir energia, mas para construí-los com trabalho uruguaio.

Nesse sentido, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, explicou que foi assinado um convênio para a construção de dois parques eólicos no Uruguai e que também foi acordado aumentar a provisão de eletricidade ao país vizinho desde uma planta térmica situada no estado de Rio Grande do Sul.

Esses acordos, segundo cálculos do ministro brasileiro, permitirão aumentar a provisão de eletricidade ao Uruguai desde os atuais 300 megawatts até 500 megawatts, que equivalem a quase um terço do consumo uruguaio.

Mujica disse que durante o encontro com Dilma também foram analisados os impactos das medidas de corte expansionista que os países mais desenvolvidos adotaram frente à crise global, que aumentaram a liquidez nos mercados mundiais.


''A supervalorização de nossas moedas nos preocupa'', declarou o presidente do Uruguai, lembrando que o Brasil já adotou medidas de corte tributário sobre os capitais estrangeiros com o objetivo de impedir uma maior revalorização do real.

Embora não tenha precisado o alcance ou o tempo destes atos, o governante sugeriu que seu governo poderia adotar medidas semelhantes.

Segundo Mujica, é preciso fazer alguma coisa, porque se cair o dólar aqueles que expportam terão problemas, mas esclareceu que toda medida nessa direção será estudada com tempo, pois também é necessário ter cuidado com a inflação. 

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