Economia

Mudança climática e tensões geopolíticas são os riscos do ano

O relatório revela que o primeiro risco para o planeta, segundo as pessoas consultadas, é a mudança climática e suas consequências ao meio ambiente

Mudança climática: o relatório será debatido na cúpula de Davos (Suíça) entre os dias 23 e 26 de janeiro (Kacper Pempel/Reuters)

Mudança climática: o relatório será debatido na cúpula de Davos (Suíça) entre os dias 23 e 26 de janeiro (Kacper Pempel/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 16h03.

Londres - Os efeitos da mudança climática e as tensões geopolíticas, assim como a insegurança na internet, são os principais riscos para o mundo em 2018, é o que indica o Relatório Global de Riscos do Fórum Econômico Mundial (FEM), apresentado nesta quarta-feira no Reino Unido.

O estudo, que será debatido na cúpula de Davos (Suíça) entre os dias 23 e 26 de janeiro, alerta que a melhora da economia mundial após a crise de 2007 oferece a oportunidade de adotar medidas contra "a fragilidade sistêmica" que afeta as sociedades, as economias e o meio ambiente.

O relatório, elaborado com base em uma pesquisa que envolveu 1000 empresários e especialistas, revela que o primeiro risco para o planeta, segundo as pessoas consultadas, é a mudança climática e suas consequências ao meio ambiente.

O clima extremo, a perda da biodiversidade e os desastres naturais são percebidos como os maiores perigos para 2018, à frente de outros fatores como o terrorismo e a desigualdade social, que dominaram edições anteriores.

"Neste momento, pouco está sendo feito sobre a mudança climática e de forma tardia, mas ainda é possível melhorar as coisas se agirem com urgência", declarou em Londres a chefe de risco do Zurich Insurance Group, Alison Martin.

Outro risco em ascensão, segundo o relatório, é a segurança insuficiente na internet, que expõe tanto as empresas como os Estados e os governos a possíveis ataques externos, que estão "cada vez mais frequentes".

O presidente de Risco Global e Digital da seguradora Marsh, John Drzik, alertou que "a exposição cibernética está crescendo pela interconectividade dos dispositivos", como computadores e telefones celulares, e pediu a empresas e governos que "melhorem suas defesas".

"É preciso investir mais na reação e não só na prevenção destes ciberataques, bem como na gestão de risco", afirmou Drzik.

O relatório indica que 59% dos entrevistados percebe que o mundo enfrenta mais riscos em 2018, contra 7% que opinaram que há uma diminuição dos perigos.

Segundo os autores, esta visão negativa corresponde "à deterioração do ambiente geopolítico", pois 93% dos entrevistados espera que este ano haja piores embates políticos e econômicos entre as principais potências e 80% preveem mais guerras entre eles.

Martin constatou que há no mundo "um aumento do populismo, do protecionismo e do nacionalismo e uma queda do multilaterismo", e advertiu que, "como os riscos são sistêmicos, exigem uma resposta coletiva".

O relatório assinala que o populismo e as "questões de cultura e identidade estão causando tensões políticas dentro e entre um número crescente de países da União Europeia (UE), incluindo Polônia, Hungria e, de outras maneiras, a Espanha".

O estudo prevê que "a polarização entre grupos com diferentes legados culturais e valores permanecerá como uma fonte de risco político nos países ocidentais em 2018 e mais adiante".

Ainda que, ao contrário do que ocorreu em exercícios anteriores, a economia não seja vista como um risco flagrante, os autores alertam que há fatores preocupantes que persistem, como a supervalorização dos ativos - entre eles, por exemplo, a moeda Bitcoin - e a desigualdade, que, em um mundo interconectado, pode derivar em outros tipos de perigo.

Richard Samans, membro do conselho diretor do FEM, afirmou que o órgão fará em Davos uma chamada coletiva de "reforma do capitalismo" para reduzir o descontentamento social, algo no qual já se concentrou a edição de 2017.

Samans, que insistiu que o Fórum de Davos, que tem fama de atrair milionários e magnatas, melhorou sua representatividade, adiantou que na próxima semana será apresentado o novo Índice de Desenvolvimento Inclusivo, que será "uma alternativa mais ampla ao índice de Produto Interno Bruto (PIB)".

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