Economia

Moody's: privatização da Eletrobras é positiva para crédito

A agência de classificação considera que a execução do plano de privatização pode se mostrar bastante difícil em 2018

Moody's: a agência destaca incertezas relacionadas às exigências de reorganização de negócios (Emmanuel Dunand/AFP)

Moody's: a agência destaca incertezas relacionadas às exigências de reorganização de negócios (Emmanuel Dunand/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 16h11.

São Paulo - A agência de classificação de risco Moody's divulgou, nesta quinta-feira, 18, um relatório no qual afirma que o plano do governo brasileiro de privatizar a Eletrobras é positivo para o crédito da companhia, uma vez que a injeção de capital por meio de uma oferta de ações poderia melhorar o perfil de risco financeiro da estatal, especialmente em um momento no qual o governo enfrenta seus próprios problemas fiscais e tem capacidade reduzida de apoiar as necessidades financeiras da elétrica.

No entanto, a agência de classificação considera que a execução do plano de privatização pode se mostrar bastante difícil em 2018, por causa da evolução de processos políticos. A Moody's destaca incertezas relacionadas às exigências de reorganização de negócios, como a separação da Eletronuclear e de Itaipu do restante da companhia, e uma saída "bem sucedida" do negócio de distribuição.

"As diretrizes preliminares contidas no plano de privatização do governo são construtivas para o perfil de crédito da Eletrobras porque ajudarão a companhia em sua estratégia de desalavacagem e fortalecerão sua capacidade de promover novos investimentos", afirma a vice-presidente e analista sênior da Moody's, Cristiane Spercel. O programa de investimentos da companhia totaliza R$ 20 bilhões até 2022.

De acordo com a análise de cenário da Moody's, se a privatização ocorrer conforme o planejado, a oferta de ações permitirá uma redução dos níveis de endividamento sobre patrimônio da companhia para o patamar de aproximadamente 40% a 45%, enquanto a relação dívida líquida sobre Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) deverá cair para abaixo de 3,0 vezes em 2021, aproximando-se da média das pares regionais da Eletrobras.

A agência também destaca o plano de alterar as concessões de geração da estatal que hoje operam pelo sistema de cotas, argumentando que essa mudança, que permitiria à companhia vender a energia dessas usinas a preços de mercados, fará com que a Eletrobras fortaleça sua base de receitas em aproximadamente um terço de sua capacidade instalada. A Moody's pondera que os impactos positivos sobre o fluxo de caixa, porém, podem ser parcialmente compensados por fatores como adiamento da indenização para alguns ativos de transmissão, o aumento do risco hidrológico e encargos mais elevados para o setor.

A agência salienta também que, ao se transformar em uma corporação, com controle amplamente diluído, a Eletrobras também criaria condições para melhorar sua governança corporativa, mesmo que o governo mantenha, como planejado, uma "golden share". Para a Moody's, esta ação garantiria ao governo federal o poder de veto a algumas decisões de investimento, mas a interferência política, de um modo geral, provavelmente diminuiria.

Acompanhe tudo sobre:EletrobrasMoody'sPrivatização

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto