Economia

Merkel diz a deputados que não ajudar Grécia seria um caos

Para a chanceler, que nesta sexta comemora 61 anos, esta é uma última tentativa de negociar com o país


	"Seríamos totalmente irresponsáveis se não tentássemos tomar este caminho", disse Angela Merkel
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"Seríamos totalmente irresponsáveis se não tentássemos tomar este caminho", disse Angela Merkel (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 10h31.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira que a alternativa a um novo resgate da Grécia teria sido um "caos", além de ser "totalmente irresponsável" não ter tentado conceder àquele país uma nova ajuda.

"Sei que muitos de vocês têm dúvidas e estão preocupados", disse aos deputados do Bundestag, tentando convencê-los a conceder a ela uma autorização para negociar um terceiro plano de ajuda a Atenas.

"Seríamos totalmente irresponsáveis se não tentássemos tomar este caminho", já que a "alternativa seria o caos garantido", declarou.

Para a chanceler, que nesta sexta comemora 61 anos, esta é uma última tentativa de negociar e exige "uma solidariedade sem precedentes" para alguns e "exigências sem precedentes" para os gregos.

O governo alemão precisa da luz verde do Bundestag para poder negociar os detalhes do novo resgate de 86 bilhões de euros (94 bilhões de dólares) para a Grécia, acertado na segunda-feira pelos dirigentes da eurozona.

Merkel, como o primeiro-ministro grego de esquerda radical Alexis Tsipras, enfrenta descontentamento em suas próprias fileiras - alguns deputados conservadores pretendem votar contra e preferem a saída da Grécia da zona do euro -, mas não deverá ter problemas para conseguir a autorização do parlamento graças à arrasadora maioria de sua grande coalizão, integrada por conservadores e sociais-democratas.

Na véspera, os ministros das Finanças da zona do euro deram sua aprovação à negociação de um terceiro programa de resgate à Grécia, depois que o parlamento grego adotou, na quarta, a primeira série de medidas que seus credores exigiam.

"O Eurogrupo celebra a adoção pelo parlamento grego de todos os compromissos especificados na Eurocúpula de 12 de julho", indicou o grupo que reúne os 19 ministros das Finanças da zona do euro em um comunicado.

O Eurogrupo também pediu que a Grécia adote a segunda série de medidas acertadas na segunda.

As instituições credoras de Atenas - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - constataram que "as autoridades gregas implementaram a primeira série de quatro medidas acertadas na Euro Cúpula de segunda de maneira pontual e, no geral, satisfatória", indicou na quinta uma porta-voz da Comissão.

A Grécia devia adotar até quarta-feira a reforma do IVA para arrecadar mais, melhorar o sistema de pensões, tomar medidas para a independência do instituto de estatísticas e criar uma autoridade fiscal independente, assim como um mecanismo para reduzir os gastos em caso de não cumprimento dos objetivos fiscais.

Os sócios de Atenas na zona do euro exigiram do governo de Alexis Tsipras esta primeira série de medidas para começar a negociar o terceiro resgate fiscal pedido na semana passada pela Grécia.

Este novo programa, sob condições extremamente duras para Atenas, abrange 82 bilhões de euros para os próximos três anos.

Esta negociação não resolve, no entanto, as necessidades financeiras da Grécia em curto prazo. Em default com o Fundo Monetário Internacional, a Grécia deve pagar, além disso, 4,2 bilhões de euros na segunda-feira ao Banco Central Europeu.

Sem dinheiro em caixa, Atenas esperava um empréstimo ponte de um fundo comunitário de 7 bilhões, que sairão do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, um fundo de resgate criado em 2010 e que já ajudou Portugal e Irlanda.

Os 28 membros da UE devem dar seu aval para utilizar este mecanismo, algo que poderão decidir na sexta-feira.

Em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, decidiu aumentar em 900 milhões de euros em uma semana o limite dos empréstimos de emergência concedidos aos bancos gregos, sua última fonte de financiamento, anunciou o presidente da instituição, Mario Draghi.

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