Economia

Merkel alcança acordos milionários em visita à China

A chanceler alemã, Angela Merkel, acompanhou em Pequim a assinatura de alguns milionários acordos entre empresas chinesas e germânicas


	Chanceler alemã, Angela Merkel: visita de Merkel é a 7ª da chanceler alemã ao país
 (Fabrizio Bensch/Reuters)

Chanceler alemã, Angela Merkel: visita de Merkel é a 7ª da chanceler alemã ao país (Fabrizio Bensch/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2014 às 13h08.

Pequim - A chanceler alemã, Angela Merkel, acompanhou nesta segunda-feira em Pequim a assinatura de alguns milionários acordos entre empresas chinesas e germânicas e recebeu a oferta de Pequim de maior cooperação bilateral na luta contra a ciberespionagem.

Merkel se reuniu hoje com o presidente da China, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e presidiu junto a este último a assinatura de vários acordos, entre os quais se destaca a venda de 123 helicópteros da europeia Airbus por cerca de 294 milhões de euros.

Além disso, a companhia aérea alemã Lufthansa e a chinesa Air China, ambas membros da Star Alliance, assinaram o estabelecimento de uma sociedade conjunta que lhes permitirá compartilhar rotas e serviços de venda de bilhetes, um acordo que entrará em vigor em outubro deste ano, segundo informou a companhia alemã.

Também foi acordado hoje na capital chinesa a ampliação das linhas de produção da Volkswagen na China com a abertura de duas novas fábricas em Qingdao e Tianjin, mediante um investimento conjunto com sua sócia chinesa, FAW, de US$ 2,7 bilhões.

Ambas as partes anunciaram, além disso, um acordo que permitirá que a firma alemã invista mais de 80 bilhões de iuanes (cercade US$ 13 bilhões) nas Bolsas de Xangai e Shenzhen, uma iniciativa similar aos assinados anteriormente pela China com a França, o Reino Unido e Coreia do Sul.

Embora a jornada esteve marcada por estes acordos comerciais, a ciberespionagem também marcou o tom do comparecimento conjunto de Li e Merkel após sua reunião bilateral, pela recente detenção de um trabalhador dos serviços secretos germânicos acusado de filtrar informação aos EUA.

O trabalhador, de 31 anos, é suspeito de filtrar informação sobre a comissão parlamentar que investiga a espionagem americana em solo germânico.

Merkel destacou em Pequim aos meios de comunicação de seu país que, se estas acusações forem confirmadas, "se trataria de um processo muito sério" que transgrediria a cooperação entre parceiros que pressupõe que exista entre EUA e Alemanha.


O primeiro-ministro Li, por sua parte, aproveitou para comentar que a China também é uma das principais vítimas das redes de ciberespionagem internacional, e ofereceu à Alemanha cooperação na luta contra estas atividades.

A explosão do escândalo na Alemanha permitiu a Li capear outras suspeitas de espionagem, provenientes de empresas germânicas com interesses na China, que acusam o país asiático de apropriação ilegal de tecnologia alemã com fins industriais.

A reunião de Merkel com os líderes comunistas coincidiu com um aniversário grande na China, o do início da guerra contra o Japão (1937).

"A paz só pode ser mantida se tivermos na mente as lições do passado", destacou Li em seu comparecimento perante a imprensa junto a Merkel, em outra mostra das tensas relações entre China e Japão e das tentativas de Pequim de usar fóruns internacionais para criticar o "revisionismo histórico" do país vizinho.

A visita de Merkel é a sétima da chanceler alemã ao país asiático e se produz apenas quatro meses depois da que presidente Xi fez à Alemanha em março.

Acompanhada de diretores de algumas das principais empresas alemãs, desde Volkswagen a Lufthansa, Siemens e Deutsche Bank, a chanceler procura em sua nova visita à China, segundo os analistas, aprofundar os laços com a maior potência emergente perante as dúvidas que a Alemanha, principal potência exportadora europeia, segue tendo em seus mercados tradicionais nos EUA e o Velho Continente.

O comércio bilateral entre China e Alemanha alcançou os 164 bilhões de euros (US$ 190 bilhões) em 2013 e a China é o segundo maior mercado para as exportações alemãs, atrás dos EUA.

Nos meios de comunicação chineses, Merkel chamou a atenção também por sua decisão de iniciar a visita oficial em um original destino, a província interior de Sichuan, onde surpreendeu os moradores ao visitar um mercado e comprar pasta de pimentas-malaguetas, um condimento muito usado na gastronomia local, mas pouco conhecido fora da China.

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