Economia

Mercado de trabalho está aquecido, diz economista do BC

Para Sergio Lago, nem mesmo grande choque provocado pela crise financeira internacional de 2008 foi capaz de provocar desvio de tendência na taxa de desemprego


	Feira de emprego: Lago descreve "dicotomia" na economia brasileira no período recente
 (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

Feira de emprego: Lago descreve "dicotomia" na economia brasileira no período recente (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2014 às 17h00.

Rio - O mercado de trabalho no Brasil está acima de seu potencial, enquanto o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) na indústria está abaixo.

O primeiro fenômeno eleva a inflação de bens não comercializáveis, enquanto o segundo pressiona para baixo os preços de bens comercializáveis, mostra estudo do economista Sergio Lago, do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) do Banco Central (BC).

"A taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e da produção industrial tem caído desde 2010, mas a taxa de desemprego não aumentou nesse período", afirmou Lago nesta sexta-feira, 16, ao apresentar o estudo, de caráter pessoal, no XVI Seminário Anual de Metas para a Inflação, promovido pelo Banco Central (BC), no Rio.

Segundo o economista, nem mesmo o grande choque provocado pela crise financeira internacional de 2008 foi capaz de provocar desvio de tendência na taxa de desemprego.

"As razões para a queda do desemprego (neste cenário) ainda são desconhecidas", ponderou o economista.

No estudo, Lago descreve o que ele chama de "dicotomia" na economia brasileira no período recente.

"Enquanto o setor industrial apresenta fraco desempenho, o mercado de trabalho encontra-se aquecido, gerando pressões sobre o hiato do produto."

Apesar disso, o aquecimento do mercado de trabalho esconde uma migração unilateral de pessoal ocupado, da indústria para o segmento de serviços.

Como a taxa de desemprego tem caído nos últimos anos ao mesmo tempo em que os salários reais apresentam ganhos, esta migração gera pressão sobretudo sobre a remuneração paga pela indústria, citou Lago.

O setor manufatureiro, contudo, não tem como repassar esses custos, já que os preços finais são ditados pelo mercado externo (por serem bens comercializáveis).

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