Economia

Mercado de carros usados tem leve recuperação

As perdas do primeiro semestre levaram cerca de 4,5 mil lojas em todo o Brasil a fecharem as portas


	Homem passa na frente de carros em pátio: De acordo com a federação, no entanto, o setor também sentiu os impactos da redução do IPI
 (Getty Images)

Homem passa na frente de carros em pátio: De acordo com a federação, no entanto, o setor também sentiu os impactos da redução do IPI (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2012 às 15h41.

São Paulo – Após primeiro semestre de perdas, induzidas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos e pela restrição ao crédito, o setor de carros usados teve leve recuperação no segundo semestre, aponta a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

As perdas do primeiro semestre levaram cerca de 4,5 mil lojas em todo o Brasil a fecharem as portas, segundo estimativa da Fenauto. Foi o que ocorreu com duas das três lojas de Celso Sidnei de Abreu, empresário do ramo há sete anos. “Foi um ano duro. Juntou a redução do IPI, as dificuldades da economia e complicou tudo”, avalia. Segundo a federação, o Brasil tem 40 mil lojas de revenda de carros usados, que empregam 240 mil pessoas diretamente.

A queda nas vendas chegou a 12,1% nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período de 2011. Agora, os modelos com mais de três anos registram queda de cerca de 10%, no acumulado de janeiro a outubro. No entanto, os modelos mais novos, com menos de três anos, apresentam alta de 2,8%, no mesmo período.

“Depois de um início muito difícil, dada a dificuldade para aprovação de crédito, começamos a recuperar. Em torno de 15% das fichas de financiamento eram aprovadas. Agora já estamos atingindo uma meta de 30% a 35%”, apontou Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto. Ele destaca que 70% das vendas do setor são financiadas. “Existe crédito, mas o aumento da inadimplência fez com que os bancos adotassem critérios mais seletivos”, avaliou.

O preço oferecido para quem pretende vender um carro usado ficou de 20% a 25% menor, segundo lojistas entrevistados pela Agência Brasil. “Quando envolve troca de veículo, a perda é um pouco menor”, aponta Armando Monteiro, gerente de uma loja de revenda na zona sul de São Paulo. Na compra de carro usado, a desvalorização é de 10% a 15%, informou o gerente.


A queda no preço agradou ao bombeiro Valner Machado, 30 anos. “Mesmo com a redução do IPI, para mim não é vantagem pegar um carro zero. Com o mesmo valor e sem entrar em financiamento, fico com um carro seminovo, mas completo. O custo benefício é melhor”, avalia. Ele pretende comprar um veículo usado à vista. “Juntei dinheiro o ano inteiro, agora entram o décimo terceiro, férias e extras. Além disso, pretendo pegar um bom desconto”, apontou.

Para o presidente da Associação de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, a restrição de crédito foi a principal responsável pela crise no setor. “De todos os problemas que podemos levantar, como redução do IPI, questões econômicas e diminuição do crédito, a maior parte se deve à menor aprovação de financiamentos. É certo que a procura diminuiu, mas poderia ter se mantido em um patamar razoável se o crédito fosse mais fácil”, declarou.

De acordo com a federação, no entanto, o setor também sentiu os impactos da redução do IPI, já que o preço dos carros usados tem como referência o valor do veículo novo. “Os estoques estavam elevados com carros em um preço alto. Esse problema durou até junho, porque os lojistas tiveram que vender com preço abaixo do que tinham pago. Foi aí que houve perda de capital”, apontou.

Com a retomada das vendas e a estabilização do preço dos carros usados, Ilídio Santos acredita que o mercado está em equilíbrio e não deve apresentar grandes alterações, mesmo com a volta do IPI para carros novos, prevista para dezembro. “Não deve mudar muita coisa. O mercado vai levar um tempo para recuperar as perdas, assim como vai demorar para o preço do usado voltar ao patamar anterior”, aponta. Para o lojista Celso Sidnei de Abreu, a conta é simples: “se estamos vendendo pouco com esse preço, se aumentar é que não vende”, declarou.

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