Ações norte-americanas voltaram a se aproximar de níveis recordes, restaurando mais de US$1 trilhão em capitalização de mercado para o índice S&P 500 index (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2013 às 14h14.
São Paulo - Autoridades do Federal Reserve ficaram claramente perplexas com as vendas generalizadas que afetaram os mercados financeiros globais quando o chairman do banco central norte-americano, Ben Bernanke, alertou que as compras de títulos do Fed devem ser reduzidas neste ano.
Mas as autoridades devem estar mais confortáveis por ter conseguido guiar Wall Street a uma visão de política monetária afinada com a do Fed. Além de ter prevalecido o entendimento de que um ajuste desordenado agora é muito menos prejudicial do que uma virada mais violenta mais tarde.
No fim de maio, Bernanke disse ao Congresso que a decisão de reduzir o estímulo do Fed de 85 bilhões de dólares por mês poderia ser tomada em uma de suas "próximas reuniões". Ele deixou as intenções do Fed ainda mais claras em 19 de junho, quando falou abertamente da redução e eventual fim do programa, potencialmente até meados de 2014.
O resultado foi a elevação do o yield do Treasury de 10 anos de 1,62 por cento no início de maio para 2,75 por cento no início da semana passada, a alta mais rápida nos rendimentos em uma década. O choque fez outros mercados de títulos caírem, e os mercados acionários globais recuaram.
De fato, as ações norte-americanas voltaram a se aproximar de níveis recordes, restaurando mais de 1 trilhão de dólares em capitalização de mercado para o índice S&P 500 index, conforme investidores adotam a visão de que o mercado acionário será capaz de superar a redução das compras de títulos.
"Se eu tivesse que chutar, chutaria que os membros do Fed estão muito mais felizes com os níveis de mercado do que estavam há três semanas", disse o economista-chefe do Northern Trust, Carl Tannenbaum.
As autoridades do Fed não receberam bem o efeito que as declarações de Bernanke tiveram sobre os rendimentos dos títulos e as taxas hipotecárias, a julgar pela consternação evidente em seus comentários desde então para baixar as expectativas de uma alta em breve dos juros pelo Fed.
Isso provocou suspeitas de que as autoridades estão realmente preocupadas com um aumento na tomada de risco em mercados de títulos, o que poderia ser os primeiros sinais de uma bolha.
"Pode ter havido alguma preocupação no Fed de que havia muito risco sendo assumido", disse o economista-chefe do Raymond James, Scott Brown. "Eles com certeza cuidaram dessa situação." No passado, a política monetária que encorajou muito risco ajudou a nutrir bolhas que estouraram com consequências desastrosas. A mais recente foi o colapso do mercado imobiliário norte-americano que provocou a crise financeira de 2007-2009.
SEM REMORSO Quando questionado se desejava ter feito as coisas de forma diferente, Bernanke sugeriu que mercados perturbados é um preço que vale a pena pagar.
"Apesar de a volatilidade que vimos nas últimas seis semanas, falar agora e explicar o que estamos fazendo pode ter evitado uma situação muito mais difícil", disse Bernanke na quarta-feira passada, em suas primeiras declarações públicas desde a reunião de política do Fed em 19 de junho.
Mas ele também enfatizou que a redução das compras de títulos não seria um sinal de que o Fed vai começar a apertar a política monetária mais cedo ao elevar as taxas de juros overnight, agora perto de zero. E destacou que 14 dos 19 membros do Fed esperam que a data de aumento das taxas não será antes de 2015.