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Menos de 3% das famílias brasileiras se apropriam de um quinto da renda

Na outra ponta, cerca de 24% das famílias respondiam por apenas 5,5% do rendimento médio, segundo pesquisa de orçamentos familiares do IBGE

Dinheiro-orlamento-público (SOPA Images/Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de outubro de 2019 às 11h19.

Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 12h40.

Rio de Janeiro - A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada nesta sexta-feira (04), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) ilustra o tamanho da desigualdade no Brasil.

Embora o rendimento médio nacional seja de R$ 5.426,70, a observação das famílias por classes de rendimento mostra que essa média esconde extremos.

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23,9% das famílias recebiam até R$ 1.908,00 (dois salários mínimos) e contribuíam com apenas 5,5% do valor médio recebido no Brasil. Ou seja, da média de R$ 5.426,70, apenas R$ 297,18 vêm deste grupo.

Na outra ponta estão as 2,7% das famílias brasileiras, que recebiam mais de R$ 23.850,00 (25 salários mínimos). Este grupo contribuiu com R$ 1.080,26 para média global de R$ 5.426,70. Isso significa que este grupo se apropria de quase 20% de todos os valores recebidos pelas famílias.

“Isso mostra como os extremos são desiguais na hora de colaborarem para rendimento médio mensal das famílias brasileiras”, disse o gerente da pesquisa, André Martins.

Ele quer ver chegar o dia em que não seja mais preciso ter tão pouca gente que concentre tanto rendimento. “Mas, por ora, a gente ainda tem uma pequena parcela da população que se apropria muito dos rendimentos totais gerados da população”, finaliza.

Rural e urbana

Para as famílias em áreas urbanas, o valor do rendimento e da variação patrimonial atingiu R$ 5.806,24, enquanto nas áreas rurais ficou em R$ 3.050,49.

Isso significa que, em média, as famílias em situação rural receberam o equivalente a 52,3% dos valores auferidos pelas famílias em áreas urbanas.

Os rendimentos também variam dependendo das áreas do país, mostrando uma alta desigualdade regional.

Centro-Oeste (R$ 6.772,86) e Sudeste (R$ 6.391,29) foram a regiões com maiores rendimentos, enquanto Nordeste (R$ 3.557,98) e Norte (R$ 3.647,70) apresentaram os menores valores.

Fontes de renda

André Martins também destacou que há diferenças em relação a origem dos valores recebidos de acordo com a classe de rendimento das famílias.

Entre os lares mais pobres, que recebem até R$ 1.908, quase um quarto da renda (24,3%) vem de aposentadorias, pensões e programas sociais. Essadependência chega a 28,8% quando se consideram todas as transferências levantadas pela pesquisa.

Considerando todas as famílias, as transferências equivalem a 19,5% e o rendimento de trabalho foi a principal fonte, responsável por 57,5% do total recebido.

Já nas famílias de maiores rendimentos, a importância do trabalho é maior, além da variação patrimonial, onde estão incluídos os saques de poupança e também vendas de imóveis, bens de valores mais altos e heranças, destaca André.

Origem dos rendimentos por cada faixa de renda (IBGE/Divulgação)

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