Economia

Menor inflação em 5 anos desperta temor deflacionário chinês

A taxa de inflação em setembro continua bem abaixo do limite anual de 3,5% estabelecido por Pequim e abaixo do nível inflacionário de 2,6% registrado em 2013


	China: alta anual dos preços ao consumo foi de 1,6% no mês passado, diz instituto
 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

China: alta anual dos preços ao consumo foi de 1,6% no mês passado, diz instituto (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 18h20.

Em setembro, a inflação caiu na China a um nível inédito em quase cinco anos, levantando temores deflacionários em um contexto de desaquecimento da segunda economia mundial.

A alta anual dos preços ao consumo foi de 1,6% no mês passado, informou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (BNS, na sigla em inglês).

Desde janeiro de 2010, não era registrada uma taxa de inflação tão baixa na China.

Esse recuo na alta dos preços foi muito mais acentuado do que previam os analistas consultados pela agência Dow Jones Newswires (1,7%). A inflação foi de 2,3% ao ano em junho e julho, antes de baixar para 2% em agosto.

A taxa de inflação em setembro continua bem abaixo do limite anual de 3,5% estabelecido por Pequim - sempre alerta a qualquer risco inflacionário - e abaixo do nível inflacionário de 2,6% registrado em 2013.

A queda da inflação se explica particularmente por uma forte desaceleração na alta dos preços dos alimentos (especialmente ovos e verduras frescas), que aumentaram apenas 2,3% em setembro - um recuo em relação ao crescimento de 3% em agosto.

"Os preços dos alimentos foram mais baixos do que o normal durante esse período", afirmam os analistas Liu Ligang e Zhou Hao, do banco ANZ.

Os dois também destacaram o impacto da intensa campanha anticorrupção do governo chinês nos preços do álcool e do tabaco.

"Outro fator importante foi a clara freada na alta dos preços nos setores de moradia e de transportes, com o esfriamento do mercado imobiliário, de um lado, e a queda dos preços do petróleo, de outro", comentou Julian Evans-Pritchard, do Capital Economics.

Menos atividade, risco de deflação

Os analistas já haviam advertido há cerca de seis meses sobre os riscos de tensões deflacionárias na China, em um contexto de nítida desaceleração da atividade econômica e de debilidade da demanda interna.

"Agora, essa queda da inflação traz à tona o risco de deflação e pode exigir mais medidas de flexibilização monetária", indicam os analistas da ANZ.

O crescimento do PIB chinês, que ficou em 7,4% no primeiro trimestre do ano - o ritmo mais baixo em 18 meses -, levou o governo de Pequim a anunciar durante a primavera chinesa uma série de cortes fiscais, assim como medidas de flexibilização monetária, embora muito limitadas.

Contudo, este miniplano de reativação se mostrou insuficiente e, apesar dos bons resultados do comércio exterior em setembro, vários economistas estimam que o crescimento continuará desacelerando no terceiro trimestre.

A taxa oficial para este período será publicada na próxima semana.

Outros analistas se mostram mais comedidos sobre a magnitude dos riscos deflacionários na China.

"O índice [que mede a inflação] é muito sensível aos preços do porco, que voltaram a subir, devido à redução dos estoques e da oferta desde o início do ano. Consequentemente, a inflação deve voltar a subir de novo nos próximos trimestres", opina Evans-Pritchard.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaCrise econômicaInflação

Mais de Economia

Pacheco afirma que corte de gastos será discutido logo após Reforma Tributária

Haddad: reação do governo aos comentários do CEO global do Carrefour é “justificada”

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética