Secretário Mattar: "o fundo de amparo ao trabalhador (FAT) foi feito lá atrás, e vamos fechar, sim, só nos dê tempo. É fácil fazer crítica a governo" (Amanda Perobelli/Reuters)
Natália Flach
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 12h36.
Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 16h08.
São Paulo - O secretário de desestatização Salim Mattar rebateu as críticas feitas pelos ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e Pérsio Arida de que o governo é menos liberal do que o discurso.
Ontem, no evento do Credit Suisse em São Paulo, Pérsio lembra que, quando uma estatal é privatizada, o dinheiro vai para o Tesouro. Já no caso das subsidiárias, como vem ocorrendo, os recursos são destinados para a estatal:
"O que se tem é apenas uma reorganização do dinheiro. Só teremos verdadeiramente privatizações quando forem privatizadas as grandes estatais”, disse.
Nesta quarta-feira (29), no mesmo evento, Salim Mattar pontuou que a sua secretaria se chama "desestatização, desinvestimentos e mercados" e não "privatização" e disse que parte do dinheiro das desestatizações do governo entra no caixa da União.
"O que queremos é diminuir o tamanho do Estado. Estamos desestatizando o Brasil, porque havia uma grande quantidade de empresas debaixo das estatais", afirmou.
Em tom de ironia, disse entender o desapontamento de algumas pessoas já que a meta do governo era arrecadar 80 bilhões de reais com as desestatizações e o total arrecadado foi de 105,4 bilhões de reais.
"Estamos desmontando, desconstruindo o legado que nos deixaram. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) foi feito lá atrás, e vamos fechar, sim, só nos dê tempo. É fácil fazer crítica a governo", acrescenta.
A meta para 2020 é vender 300 ativos dos 698 existentes e arrecadar 150 bilhões de reais. "Já vendemos sete ativos até agora, e levantamos 7,5 bilhões de reais, dos quais 1,1 bilhões vão para o caixa da União. O resto ficou para as estatais."
Segundo Mattar, a União tem um fundo múltiplo de 110 bilhões de reais, que investe em 58 empresas, como Itaú, Santander e Vivo. "São boas empresas, mas eu quero que o Estado tenha um fundo ou resolva problemas como a falta de gás em hospital?", questionou. Para ele, fundo é para países que têm elevada condição de vida, não é o nosso caso."
"Todo dia a gente descobre uma participação diferente em mais empresas, ontem descobrimos mais duas, são 698 empresas. Temos ainda 620 para vender. Não estão na lista Caixa, Banco do Brasil e Petrobras."
Deste total, boa parte vem dos bancos públicos. O Banco do Brasil tem embaixo do seu guarda-chuva 84 empresas, sendo 27 subsidiárias, 46 coligadas e 11 simples participações - entre elas, em um banco do Egito. "Devemos ter muitas trocas com o Egito", brincou, arrancando risadas da plateia. Já a Caixa tem 33 empresas. "Mas já vendemos a participação no Banco Pan e na Petrobras."
Por sua vez, a Petrobras tem 134 empresas no guarda-chuva, "e um volume enorme pela frente para vender". Com a capitalização da Eletrobras, "vão embora outras 200 empresas".