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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.
O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan sugeriu, nesta terça-feira (12/4), que o governo deve adotar um prazo maior para que o Banco Central (BC) cumpra as metas de inflação. "O tempo para alcançar a meta não precisa ser o ano do calendário", afirmou após um encontro com empresários em São Paulo. De acordo com Malan, em alguns países, as metas são fixadas para um intervalo de até 24 meses (se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre a visão de curto prazo do governo brasileiro).
Em junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Planejamento, Paulo Bernardo, e pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, irá reunir-se para definir a meta de inflação de 2007. De acordo com Malan, esta seria uma boa oportunidade para alongar o prazo de cumprimento das metas. Com mais tempo para alcançar os objetivos fixados pelo CMN, o BC poderia flexibilizar a política monetária. Para Malan, prazos mais elásticos poderiam acomodar melhor eventuais choques inflacionários.
O ex-ministro evitou falar sobre a taxa de inflação que considera mais apropriada para 2007, mas observou que manter a meta de 4,5%, determinada para 2005 e 2006, não será "apertado" se o governo estabelecer uma tolerância apropriada. Em 2005, é de mais ou menos 2,5 pontos percentuais. Para 2006, a tolerância é de 2 pontos.
Sem ideologias
O ex-ministro demonstrou confiança nos rumos da política econômica do governo Lula. Numa alusão sutil às críticas que recebeu do Partido dos Trabalhadores enquanto foi ministro, Malan afirmou que "não existe macroeconômica de direita ou de esquerda. Os governos de esquerda que assumiram perceberam que é preciso responsabilidade fiscal e respeito aos contratos".
Neste sentido, Malan afirma que a manutenção de uma política monetária e fiscal austera por Palocci, com o respaldo de Lula, mostra que o debate econômico amadureceu no país. O mais importante, agora, é a discussão da qualidade e do nível de gastos do governo, que deve focar a promoção da igualdade social e da competitividade econômica. "O que o Palocci está fazendo é muito importante para o país apesar do 'fogo amigo', e seria um grande equívoco se o presidente retirasse seu apoio ao ministro", disse.