Economia

Má política é uma das raízes da corrupção, diz professor

Durante EXAME Fórum, Sérgio Lazzarini, pesquisador do Insper, afirmou que é preciso uma reforma de governança e isolamento político das estatais

Sérgio Lazzarini, professor do Insper, no EXAME Fórum (Germano Luders/Site Exame)

Sérgio Lazzarini, professor do Insper, no EXAME Fórum (Germano Luders/Site Exame)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 8 de junho de 2017 às 19h31.

São Paulo - A má política é uma das raízes da corrupção. Esta é a avaliação de Sérgio Lazzarini, professor e pesquisador do Insper.

“Se você não possui critérios para ação de políticas públicas, isso gera brecha para oportunistas”, disse o pesquisador durante o EXAME Fórum PPPs e Concessões realizado nesta quinta-feira (8), em São Paulo. “A má política causa um estrago tão grande quanto a corrupção.”

Segundo Lazzarini, um exemplo da falta de critérios para políticas públicas são os leilões de concessões de aeroportos.

Ele citou o caso da privatização do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. “Como pode uma concessão privada exigir que a Infraero entre com 49% do capital? Além disso, tem participação acionária do FGTS no negócio.”

Segundo o professor, antes da operação, o capital público no Galeão era de 58,2%. Depois, passou para 61,4%.

“E vamos analisar o BNDES. De 1996 a 2006, o BNDES emprestava 1,91% do PIB. De 2007 a 2014, a média foi para 3,33% do PIB. Em alguns momentos, chegou a 7%”, disse.

Para ele, o excesso de subsídios do governo e empréstimos concedidos pelo banco de fomento sem uma política criteriosa abrem brechas para a corrupção. “Quem doa mais para políticos geralmente consegue mais concessões e empréstimos do BNDES”, afirmou.

O que fazer?

Para resolver o problema, de acordo com o professor,  é preciso uma reforma de governança e isolamento político das estatais. Também é preciso reforçar a governança de regulação.

Lazzarini citou como exemplo a dragagem do terminal de uso privado (TUP) da Usiminas e da Ultrafértil no porto de Santos.

“Foram emitidas debêntures para bancar o projeto e os investidores quiseram compraram os papéis, já que não havia risco de regulação. Quem definiria os preços seriam as partes privadas”, disse.

Sobre as estatais, o professor avaliou que “não há problema elas existirem, desde que tenham concorrentes. Elas têm que ser pressionadas para ser mais produtivas.”

“Mesmo com restrições a doações de campanhas, pode haver estímulo ao caixa dois. Por isso, é preciso reduzir os custos das campanhas”, afirmou.

Lazzarini comentou ainda que é preciso promover total transparência de dados em políticas executadas pelas estatais.

Além disso, os subsídios e participações acionárias com capital do Estado devem ser feitos de forma mais seletiva e baseada em impacto esperado, segundo o pesquisador.

“A opinião pública é a favor do combate à corrupção, mas não se preocupa tanto com o controle de gastos. Tem que colocar mais travas nas estatais e fechar um pouco a torneirinha dos subsídios. Estamos melhorando bastante no lado da fiscalização, me preocupa o lado dos gastos”, completou.

Acompanhe tudo sobre:ConcessõesCorrupçãoEXAME FórumParcerias público-privadas

Mais de Economia

China amplia déficit e intensifica políticas fiscais para crescimento em 2025

Pix não será taxado em 2025: entenda as novas regras de monitoramento da Receita Federal

Rui Costa diz que eventos climáticos levaram inflação de 2024 para fora do teto

Em 26 anos do regime de inflação, BC descumpriu a meta em 8; carne, café e gasolina pesaram em 2024