Economia

Lula diz que crise grega não pode por em risco a União Europeia

'É como se um dos meus dedinhos pudesse me matar', disse o ex-presidente durante palestra em Madri

Lula: "É preciso mudar o conceito: dar dinheiro aos pobres é considerado como uma despesa, e aos ricos como um investimento. Dar aos pobres também é um investimento" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Lula: "É preciso mudar o conceito: dar dinheiro aos pobres é considerado como uma despesa, e aos ricos como um investimento. Dar aos pobres também é um investimento" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 18h13.

Madri - Em palestra na manhã desta quarta-feira, 19, em Madri, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que considera inadmissível que uma economia do tamanho da grega ofereça risco à União Europeia. "(É) inaceitável que uma economia do tamanho da Grécia ponha em risco toda a UE. É como se um dos meus dedinhos pudesse me matar", comparou o presidente durante a 3ª Conferência de Progresso Global, promovida pela Fundácion Ideas e pelo Center for American Progress.

Lula também cobrou a aplicação das medidas contra a crise propostas em 2008 e 2009 pelo G-20, como a regulamentação dos mercados financeiros e dos paraísos fiscais.

Em defesa do bloco europeu, Lula afirmou que o mundo não pode permitir que ele acabe porque a UE é um patrimônio mundial do período pós-guerra. "O que os europeus fizeram após o fim da Segunda Guerra Mundial forma parte do patrimônio democrático da humanidade", emendou. Para o ex-presidente, a solução para a crise passa pela política. "Precisamos de políticos com coragem, dispostos a servir bebidas amargas, que não permitam que o povo trabalhador pague pela crise, que pensem mais nas próximas gerações do que nas próximas eleições", defendeu.

Lula lembrou que nas reuniões de 2008 e 2009 do G-20 foram realizados levantamentos precisos das causas da crise, entre elas a falta de transparência do sistema bancário, além da discussão de medidas como a ampliação dos controles financeiros, regulação dos paraísos fiscais e ampliação das sanções para proteger as instituições públicas. 


"Chegamos a um diagnóstico preciso das causas da crise, que não era só combater os sintomas, tínhamos que enfrentar as causas. Também dissemos que não se podia vencer esta crise somente com medidas de ajuste, era necessário recuperar o crescimento e o desenvolvimento em escala mundial", disse no discurso.

O ex-presidente reclamou que, embora há três anos tenha sido anunciado o "fim da era do sigilo bancário", as recomendações da época não se cumpriram. "Carecemos de instituições multinacionais que obriguem o cumprimento dos acordos alcançados nos organismos internacionais para identificar as práticas de risco, ampliar os controles sobre os mercados financeiros, incluindo os fundos de hedge, lutar contra os paraísos fiscais e aplicar sanções para proteger as finanças públicas", apontou.

Segundo Lula, o principal problema hoje é o "elevado endividamento dos bancos, empresas e consumidores, que foram obrigados a acreditar em uma política de crédito pela qual o ser humano podia comprar o que não podia pagar."

Além de Lula, participaram do encontro o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González, o ex-primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, além de Alfredo Pérez Rubalcaba, candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) nas eleições do próximo mês. Após a conferência, o ex-presidente almoçou com o primeiro-ministro José Luis Zapatero no Palácio da Moncloa.

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