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Lição da China para o mundo: fechar economia é mais fácil que reativá-la

Embora a produção industrial tenha aumentado pela 1ª vez desde que o vírus surgiu e o investimento estatal melhorado, o investimento privado segue anêmico

Fábrica na China: empresas estão gradualmente voltando ao trabalho (China Daily/Reuters)

Ligia Tuon

Publicado em 17 de maio de 2020 às 08h32.

Última atualização em 17 de maio de 2020 às 08h32.

A China tem uma lição para o mundo: é mais difícil reativar a economia do que fechá-la.

Dados recentes para o mês de abril, que cobrem um período em que o governo chinês tomou medidas significativas para reabrir a economia quando o coronavírus estava sob controle, mostram que as vendas no varejo continuam a cair, pois consumidores evitam restaurantes e reduzem gastos com itens não essenciais.

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Embora a produção industrial tenha aumentado pela primeira vez desde que o vírus surgiu e o investimento estatal melhorado, o investimento privado permanece anêmico. Um fator preocupante para fabricantes que já enfrentam deflação e queda da demanda global: os estoques se acumulam com a oferta maior do que o consumo.

Estoques se acumulam, prejudicando as atividades de fabricação (Divulgação/Bloomberg)

Os dados destacam que a recuperação econômica da China será gradual, com poucos sinais do tipo de retomada que alguns esperavam quando a crise começou. Também sugerem que a recuperação liderada pela oferta criará excesso de capacidade e desinflação, a menos que a demanda se acelere, tanto em casa quanto no exterior.

“Desbloquear a economia é uma tarefa mais desafiadora e complexa do que trancá-la”, disse Chua Hak Bin, economista sênior do Maybank Kim Eng Research, em Cingapura.

A experiência da China é preocupante para governos que buscam diminuir restrições contra o vírus na esperança de compensar a recessão mais forte das últimas décadas. Formuladores de políticas, como o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, alertaram que a recuperação ainda está longe.


Indústria melhora, apesar do varejo ainda contrair (Divulgação/Bloomberg)

Alguns sinais de recuperação da China - especialmente na produção - podem ser vistos em uma série de dados divulgados na sexta-feira: a produção industrial aumentou acima do esperado, 3,9% em relação ao ano anterior, revertendo a queda de 1,1% em março e forte baixa nos dois primeiros meses do ano. O investimento em ativos fixos diminuiu 10,3% nos primeiros quatro meses, menos do que a retração de 16,1% no período de janeiro a março.

As vendas no varejo caíram 7,5%, acima da estimativa de 6%, pois consumidores tentam evitar multidões e dão preferência às compras on-line. As receitas de restaurantes e catering caíram 31,1% em relação ao ano anterior, após o colapso de 46,8% em março.

O aumento dos estoques reforça temores de que a retomada da produção industrial atinja um teto se a demanda continuar defasada. O acúmulo de mercadorias dificultaria qualquer recuperação do setor de manufatura e acabaria arrastando a economia em geral. Um índice de estoques subiu para 49,3 em abril em relação aos 46,1 em janeiro.

Mais bens e menos demanda também são deflacionários - não apenas para a China, mas também para o mundo. Isso ficou evidente na terça-feira, quando dados mostraram que os preços das fábricas caíram 3,1% em abril, acima das projeções.

 

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