Economia

Investidores pioram estimativas de recessão no Brasil

O cenário pode mudar na terça-feira quando serão publicados dados de desemprego e na quarta, o PIB do terceiro trimestre e a política de juros do BC

Brasil: a incerteza é uma resposta aos dados decepcionantes, às tensões políticas e às incertezas internacionais (iStock/Thinkstock)

Brasil: a incerteza é uma resposta aos dados decepcionantes, às tensões políticas e às incertezas internacionais (iStock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 16h21.

Os operadores de mercado voltaram a piorar as previsões para o crescimento do Brasil e apostam que na parcimônia do Banco Central para a redução dos juros, em resposta aos dados decepcionantes, às tensões políticas e às incertezas internacionais.

Essa semana é esperada ansiosamente pelo governo de Michel Temer: na terça-feira serão publicados dados de desemprego e na quarta, o PIB do terceiro trimestre e a política de juros do Banco Central.

As previsões sobre o PIB variam: as consultorias Tendências e Gradual Investimentos apontam uma contração de 0,6% em relação ao trimestre anterior e de 3,2% em comparação ao mesmo período de 2015.

A média indicada pelos economistas consultados pelo Valor Econômico é de uma queda trimestral de 0,9%.

Em todo caso, afastam a perspectiva de uma recuperação rápida da economia brasileira, que em 2015 teve uma contração de 3,8% e enfrenta sua pior recessão em mais de um século.

No caso de Tendências, o dado de -0,6% marca uma grande piora em relação a uma projeção "próxima à estabilidade" vigente um mês atrás, disse à AFP um dos analistas, Sílvio Campos.

Isso se deve, explica, à publicação de "dados industriais decepcionantes, sobretudo no setor automobilístico", assim como à lentidão da recuperação da demanda "tanto do setor público como dos gastos das famílias", em um contexto de crescimento do desemprego.

Campos prevê que o índice de desemprego se mantenha até o final do ano em torno de seu nível recorde de 11,8%, apesar de ser um período favorável às contratações temporárias, e que inclusive "suba para 12% no primeiro trimestre de 2017", antes de retroceder no segundo trimestre.

O último relatório Focus realizado semanalmente pelo BC com uma centena de analistas e investidores piora igualmente (pela oitava semana consecutiva) a projeção de 2016, a uma queda de 3,49%; e reduz (pela sexta semana consecutiva) a do crescimento em 2017, a 0,98%.

Prudência na redução dos juros

No que se refere à Selic, o BC deverá voltar a reduzi-la, como fez em outubro, em 0,25 pontos percentuais, a 13,75%, de acordo com a consultora Tendências.

A decisão será baseada em um refluxo das expectativas de inflação, apesar da desvalorização do real em relação ao dólar após a eleição do republicano Donald Trump nos Estados Unidos.

O relatório Focus prevê um aumento de preços (índice IPCA) de 6,72% neste ano (frente a 6,88% há um mês) e de 4,93% em 2017 (5% há um mês), aproximando-se do centro da meta de 4,5% do BC.

Embora a melhora esteja relacionada com a fraca demanda em um contexto de desemprego, reduz a pressão sobre a economia, depois de um índice inflacionário de 10,67% em 2015, o maior em treze anos.

O governo de Temer promove no Congresso medidas de austeridade a fim de recuperar a confiança dos investidores.

Entre as reformas em espera está o congelamento do gasto público durante 20 anos (que o Senado deverá votar neste ano) e a impopular reforma da previdência.

"Não há como afastar essas medidas cruciais", porque mesmo com elas, a dívida, que supera 70% do PIB, "continuará crescendo", adverte Sílvio Campos, da Tendências.

Como alívio financeiro, o BC anunciou uma boa notícia nesta segunda-feira: em outubro, o país registrou seu maior superávit fiscal desde que iniciou a série estatística em 2001, graças a um plano de regularização de ativos não declarados no exterior.

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