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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.
"A instabilidade prolongada do câmbio leva à pior das crises, com conseqüências desastrosas sobre o conjunto dos preços, sobre as empresas, sobre os trabalhadores", afirmou Antonio Palocci, futuro ministro da Fazenda durante a apresentação do relatório final feito pela equipe de transição, na semana passada. Controlar o câmbio foi a medida escolhida pelo próximo governo para tentar desatar o nó do cenário econômico de 2003 -- um cenário que tem todas as peças vinculadas umas às outras. Por exemplo: a inflação com o câmbio, o câmbio com as exportações e os dois com o desemprego. Além disso, apesar de todas as expectativas geradas pela troca de governo, a economia brasileira, assim como a dos demais países em desenvolvimento, depende de um cenário externo favorável.
A principal preocupação no início do governo Lula será a inflação. O Banco Central acredita que há alguns setores com repasse cambial represado, o que pressionaria a inflação dos preços livres em 2003. Para o Lloyds TSB, mesmo com o câmbio estável em R$ 3,50 por dólar, ainda haveria uma desvalorização próxima a 20% a ser repassada. Ou seja, cerca de 3,2 pontos percentuais a mais na inflação em, aproximadamente, 12 meses. "A entressafra agrícola, a alta do preço internacional de algumas commodities e as remarcações preventivas são fatores que não deverão pressionar a inflação nos próximos meses", declarou o BC em sua última ata do Copom. "Mas, baseado na média histórica do repasse cambial no Brasil e tendo em vista a magnitude da inflação em outubro e novembro, não haveria repasse cambial represado."
No entanto, em um ambiente de deterioração de expectativas, inflação ascendente e recuperação da atividade econômica, aumenta-se a probabilidade de reajustes de preços, o que dificulta a convergência das expectativas para um nível mais consistente com as metas. O cenário pode ser melhor se a recuperação da confiança na economia brasileira for mais intensa. Alguns setores porém já devem ter aumentos programados. As projeções de dezembro para as tarifas de energia elétrica residencial embutem um aumento de 30,3% para 2003; no caso do GLP, o impacto final sobre o preço do gás de bujão será um aumento de 2,0% ao consumidor.
A boa notícia é que, para a gasolina, projeta-se uma redução de 3,8% no próximo ano. "Lula poderá baixar um decreto para manter a Cide cobrada sobre o litro da gasolina em R$ 0,50, não utilizando imediatamente o teto de R$ 0,86 estabelecido pela MP 66. No Orçamento de 2003, trabalha-se com uma taxa de R$ 0,62, o que abre espaço, do ponto de vista fiscal, para a manutenção dos R$ 0,50 nos próximos meses. Provavelmente o objetivo de Lula é elevar a Cide apenas após o recuo dos preços internacionais da gasolina, atualmente muito pressionados. Dessa forma, evita-se um aumento mais expressivo do preço doméstico desse produto", avalia o BBV Banco.
A continuidade da liberação dos saldos do FGTS em 2003 favorecerá o crescimento do consumo no próximo ano. Deve-se destacar que a liberação dos saldos do FGTS impacta a demanda agregada. Isso porque essa liberação representa um redirecionamento de gastos para parcelas da população com menor poder aquisitivo e, conseqüentemente, com maior propensão a consumir.
Neste ano, o crescimento observado foi resultado principalmente da alta atividade varejista e da expansão do comércio exterior. Como reflexos desses fatores, a atividade fabril tem registrado expansão gradual, principalmente no segundo semestre. Em 2003, é provável que essa expansão continue. O Lloyds TSB avalia ainda que a retomada do emprego não deve ocorrer já com os primeiros sinais de recuperação.
Na avaliação do Banco Central, de acordo com a última ata do Copom de 2002, o panorama internacional continua apontando para frágil recuperação econômica global, devido à insuficiência de investimento para estimular a produção. Permanece a perspectiva de crescimento moderado da economia mundial em 2003, movimento estimulado pelo consumo, pela baixa inflação e pelas políticas monetária e fiscal expansionistas. "Em curto prazo, essa perspectiva ainda sofre riscos potenciais para sua efetivação, dados pelas possibilidades de conflito armado entre os Estados Unidos e o Iraque, que causariam instabilidade no mercado de petróleo, já afetado pela crise política na Venezuela. Também os mercados financeiros permanecem instáveis, com possibilidade de quedas em função do aumento da percepção de risco ou de frustração de expectativas de lucros das corporações."
Leia, a seguir, algumas previsões e/ou indicadores do Lloyds TSB para 2003:
Inflação
Balança comercial
Investimento direto externo
PIB
Desemprego
Juros
Câmbio
Superávit fiscal primário
Economia internacional