Inflação de alimentos estraga festas de fim de ano no mundo todo
Em países como Brasil, China, Reino Unido, Romênia e Estados Unidos, o salto dos preços dos alimentos vai silenciar as festividades de fim de ano
Bloomberg
Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 19h14.
Última atualização em 20 de dezembro de 2021 às 19h20.
À medida que famílias no mundo todo planejam as comemorações natalinas novamente, enfrentam uma dura realidade: alimentos tradicionais, especialmente aqueles vendidos por um período limitado mesmo em um ano normal, estão significativamente mais caros em 2021, se é que estão disponíveis.
“Você pode conseguir trocar algumas coisas; em vez de peru ou bife caro, pode considerar algo mais barato para o jantar”, disse Curt Covington, diretor sênior de crédito institucional da AgAmerica Lending, que concede empréstimos a agricultores. Mas não há como escapar quando se trata da mesa nas festas de fim de ano: tudo “vai ser mais caro”.
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Em países como Brasil, China, Reino Unido, Romênia e Estados Unidos, o salto dos preços dos alimentos vai silenciar as festividades de fim de ano. Famílias podem estar ansiosas por um retorno ao normal, mas, com as cadeias de suprimentos cedendo sob o peso da escassez generalizada de mão de obra e pressão contínua da covid-19, alimentar as famílias nesta temporada de festas será difícil.
Brasil
Fátima Santos descreve a ceia de Natal planejada por sua família em 2021 em uma palavra: magra. Nem bacalhau nem peru será servido neste ano, disse a cabeleireira desempregada, de 41 anos, enquanto olhava as prateleiras em busca de ofertas em um supermercado do Rio de Janeiro. “Ovo é o novo bife da nossa casa. Até o arroz e feijão estão supercaros”, disse. Não que sejam típicos das festas de fim de ano, mas, com os altos preços da carne, esse prato do dia a dia será comum nas ceias dos brasileiros.
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de commodities agrícolas, a demanda crescente no exterior e a alta do dólar tornaram as exportações mais rentáveis, deixando menos alimentos produzidos no país no mercado interno. Ao mesmo tempo, o clima extremo neste ano — a pior seca em um século seguida por uma geada sem precedentes — prejudicou as safras do país e acelerou a inflação. A Fundação Getulio Vargas calcula que os preços da carne bovina subiram cerca de 15% nos últimos 12 meses, enquanto os custos do frango avançaram mais de 24%.
A rede de supermercados Zona Sul tem oferecido mais produtos locais para que as famílias possam driblar a inflação. O tradicional bacalhau da Noruega ainda está disponível para o Natal, mas a rede também está vendendo pirarucu, peixe encontrado na Amazônia, por até metade do preço.
A rede enfrentou atrasos nas importações de vinhos e espumantes devido à escassez de contêineres e ofereceu descontos para marcas locais. “À medida que o poder de compra diminui, as pessoas buscam marcas secundárias”, disse o diretor executivo da rede, Pietrangelo Leta.
A chef Priscila Santana geralmente vende rabanadas na época das festas. Mas teve de aumentar os preços neste ano em mais de 10% devido aos custos crescentes do pão, leite e ovos, além da gasolina necessária para o transporte. Apesar de iniciar as vendas com várias semanas de antecedência no no início deste ano e aceitar cartões de crédito e vale-refeição, ela ainda observa demanda menor. “Espero vender 20% menos neste ano. Alguns de meus clientes tiveram de desistir das rabanadas para comprar quentinhas para o almoço.”