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Indústria nacional recua 0,6% em novembro e dá sinais de perda de dinamismo, avaliam economistas

Pesquisa do IBGE revela segundo mês de queda consecutivo no setor. Resultado é puxado por perda disseminada, mas principalmente em automóveis, caminhões e autopeças

Na comparação com novembro de 2023, a produção cresceu 1,7%, marcando o sexto mês seguido de expansão. (AFP/AFP)

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 19h28.

Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 19h51.

A produção industrial nacional recuou em novembro, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira, 8. A queda, que marcou o segundo recuo consecutivo do setor, foi de 0,6%, acumulando perda de 0,8% no período com o resultado negativo de outubro, que foi de -0,2%.

O resultado é próximo do que projetavam analistas de mercado, que apontavam queda de 0,7%.

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E, de acordo com André Macedo, gerente da PIM Brasil, o resultado negativo em novembro está relacionado a uma base de comparação mais elevada em razão dos resultados positivos em agosto e setembro, que garantiram uma expansão acumulada de 12,7%.

Outro fator que influenciou o dado final foi a perda disseminada entre os principais produtos do setor, como automóveis, caminhões e autopeças.

Na passagem de outubro para novembro, veículos automotores, reboques e carrocerias registraram queda de 11,5%.

Apesar disso, o responsável pela pesquisa destaca que essa atividade, mesmo assinalando redução, ainda está 14,2% acima do patamar que havia terminado o ano de 2023, segundo Macedo.

Houve queda de 3,5% também nas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis.

O índice de novembro mostra ainda predomínio de taxas negativas, alcançando as quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 25 ramos industriais pesquisados.

Dentre as atividades econômicas, os bens semi e não duráveis apresentaram a maior variação negativa, de -2,8%.

"Esse segmento foi pressionado pelos recuos nos itens álcool etílico (afetado pelas condições climáticas desfavoráveis o que impactou a colheita e o processamento das empresas na produção do item) e nos itens relacionados aos setores de alimentos e bebidas (cervejas, chope e refrigerantes)", explicou o gerente da PIM Brasil.

Na análise de André Valério, economista sênior do Inter, a produção industrial dá sinais de perda de dinamismo com essa segunda queda consecutiva.

Na comparação anual a indústria avança

Ainda assim, o ano de 2024 será robusto para a indústria nacional, de acordo com Valério. Na comparação com novembro de 2023, a produção cresceu 1,7%, marcando o sexto mês seguido de expansão.

No indicador acumulado no ano, o total da indústria avançou 3,2%, mantendo o movimento de alta da produção ao longo do ano e com predomínio de taxas positivas. Entre as atividades que apresentaram crescimento de produção, a de máquinas e equipamentos foi a de maior impacto, com alta de 2,3%.

"O ano de 2024 será robusto, com um crescimento próximo de 3%, puxado principalmente pela produção de bens de capital, que no ano acumula alta de 8,8%, sinal de que teremos uma formação bruta de capital fixo robusta em 2024, como já é possível inferir pelos resultados do PIB até aqui", afirmou o economista sênior do Inter.

O resultado também não altera a avaliação de retomada da indústria em 2024, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo ( Fiesp ). A entidade aponta vê uma consolidação do processo de recuperação, com a produção do setor sendo puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital.

"Diante deste cenário, a Fiesp mantém a projeção de crescimento de 2,9% da produção industrial em 2024, após relativa estabilidade observada em 2023, quando a produção do setor apontou alta de apenas 0,1%".

Perspectivas para 2025

Apesar da queda em dois meses consecutivos, o setor industrial vem mostrando resultados considerados positivos ao longo do ano. Um desempenho atribuído pelo IBGE a fatores macroeconômicos. O instituto avalia que a cadeia produtiva industrial é beneficiada pelo aquecimento do mercado de trabalho a redução do desemprego, que faz aumentar o consumo das famílias.

Em outubro, porém, a PIM Brasil destacou que a taxa de juro em patamares elevados encarecem o crédito e impacta negativamente tanto o consumo como o investimento na produção industrial, assim como a inflação.

"A perspectiva para 2025 não é tão positiva, com o setor tendendo a sofrer com o aperto monetário e a piora das condições financeiras observadas nos últimos meses", acrescenta Valério. A projeção é compartilhada pela Fiesp.

"Este ano também deverá ser marcado por um ambiente externo mais desafiador, com destaque para as incertezas econômicas em torno da economia dos Estados Unidos. Portanto, este cenário deve resultar na desaceleração do crescimento da indústria. A Fiesp espera que a produção industrial cresça 1,3% em 2025", informou a federação.

O economista do Inter observa, contudo, que a desvalorização do câmbio pode ser um alívio para o setor neste ano, tornando as exportações industriais mais atrativas.

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