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Calçadistas têm perspectiva de recuperar exportações

Expectativa não se aplica ao comércio com a Argentina: o país é o 2º maior destino das exportações brasileiras de calçados - atrás somente dos EUA

Expectativa não se aplica ao comércio com a Argentina: o país é o 2º maior destino das exportações brasileiras de calçados - atrás somente dos EUA (.)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 06h41.

Porto Alegre - A indústria calçadista brasileira vai terminar o ano com queda nas exportações, mas com a perspectiva de verificar uma recuperação dos embarques a partir de janeiro, motivada pelos efeitos da desvalorização do real .

A expectativa positiva para 2016, porém, não se estende ao comércio com a Argentina. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, levará pelo menos dois anos para que a atitude do presidente eleito argentino, Mauricio Macri - mais inclinado ao liberalismo econômico -, beneficie os exportadores.

"Num primeiro momento, a situação não deve melhorar, talvez fique até mais difícil do que está hoje, porque certamente o novo governo vai aplicar medidas fortes de ajuste fiscal, inclusive assumindo uma desvalorização do peso argentino com relação ao dólar. Isso vai fazer com que as exportações (de produtos para a Argentina) fiquem mais caras e, portanto, diminuam de volume", explicou.

Já no médio e no longo prazo, a percepção é de que haverá um ambiente de negócios favorável.

"Por ideologia política e econômica, Macri representa um governo mais liberal, portanto não afeito a práticas que têm imposto barreiras muito fortes ao comércio entre os dois países."

O setor calçadista é um dos mais interessados na melhoria da relação com o país vizinho. A Argentina é, historicamente, o segundo maior destino das exportações brasileiras de calçados - fica atrás somente dos Estados Unidos. Só que, nos últimos anos, o Brasil perdeu um espaço valioso no mercado argentino.

Segundo Klein, até o início desta década o Brasil fornecia 70% dos calçados importados pela Argentina. Os outros 30% do mercado eram abocanhados por China e Vietnã.

De lá para cá, esta proporção se inverteu. Hoje, ele diz, 70% dos calçados importados pelos argentinos saem da Ásia e 30% do Brasil.

Os empresários daqui reclamam que o problema não está apenas nos baixos custos de produção dos chineses ou na trajetória de valorização do real no passado recente - que tornou a mercadoria brasileira mais cara.

Eles alegam que o nível de exigência é maior quando se trata do produto brasileiro, alvo das chamadas "barreiras técnicas" adotadas no governo de Cristina Kirchner.

De acordo com o Klein, só neste ano as exportações de calçados do Brasil para a Argentina caíram 20%. No acumulado de janeiro a outubro, os embarques somaram US$ 60 milhões, ante US$ 74 milhões no mesmo período do ano passado.

As exportações globais do setor recuaram 12% na mesma base de comparação - US$ 766 milhões em 2015 contra US$ 874 milhões de 2014.

"Estamos caindo em todos os mercados, com exceção de exemplos pontuais como a Bolívia e os Emirados Árabes , que aumentaram as compras", disse.

Ele afirmou que a diminuição nas vendas ao exterior, praticamente linear, deve-se à valorização da moeda brasileira nos últimos anos.

"Esse fenômeno da desvalorização do real é recente, a negociação internacional toma tempo para produzir algum impacto. Isso poderá ocorrer em janeiro de 2016, quando começam os embarques que correspondem à temporada primavera-verão, cuja negociação ocorreu nos meses de julho e agosto de 2015."

No caso da Argentina, será necessário ter paciência.

"Lá para frente, daqui a dois ou três anos, poderemos ter uma retomada no crescimento desse comércio", resumiu Klein. Ele defende que, hoje, prever algo além disso seria pura especulação.

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Porto Alegre - A indústria calçadista brasileira vai terminar o ano com queda nas exportações, mas com a perspectiva de verificar uma recuperação dos embarques a partir de janeiro, motivada pelos efeitos da desvalorização do real .

A expectativa positiva para 2016, porém, não se estende ao comércio com a Argentina. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, levará pelo menos dois anos para que a atitude do presidente eleito argentino, Mauricio Macri - mais inclinado ao liberalismo econômico -, beneficie os exportadores.

"Num primeiro momento, a situação não deve melhorar, talvez fique até mais difícil do que está hoje, porque certamente o novo governo vai aplicar medidas fortes de ajuste fiscal, inclusive assumindo uma desvalorização do peso argentino com relação ao dólar. Isso vai fazer com que as exportações (de produtos para a Argentina) fiquem mais caras e, portanto, diminuam de volume", explicou.

Já no médio e no longo prazo, a percepção é de que haverá um ambiente de negócios favorável.

"Por ideologia política e econômica, Macri representa um governo mais liberal, portanto não afeito a práticas que têm imposto barreiras muito fortes ao comércio entre os dois países."

O setor calçadista é um dos mais interessados na melhoria da relação com o país vizinho. A Argentina é, historicamente, o segundo maior destino das exportações brasileiras de calçados - fica atrás somente dos Estados Unidos. Só que, nos últimos anos, o Brasil perdeu um espaço valioso no mercado argentino.

Segundo Klein, até o início desta década o Brasil fornecia 70% dos calçados importados pela Argentina. Os outros 30% do mercado eram abocanhados por China e Vietnã.

De lá para cá, esta proporção se inverteu. Hoje, ele diz, 70% dos calçados importados pelos argentinos saem da Ásia e 30% do Brasil.

Os empresários daqui reclamam que o problema não está apenas nos baixos custos de produção dos chineses ou na trajetória de valorização do real no passado recente - que tornou a mercadoria brasileira mais cara.

Eles alegam que o nível de exigência é maior quando se trata do produto brasileiro, alvo das chamadas "barreiras técnicas" adotadas no governo de Cristina Kirchner.

De acordo com o Klein, só neste ano as exportações de calçados do Brasil para a Argentina caíram 20%. No acumulado de janeiro a outubro, os embarques somaram US$ 60 milhões, ante US$ 74 milhões no mesmo período do ano passado.

As exportações globais do setor recuaram 12% na mesma base de comparação - US$ 766 milhões em 2015 contra US$ 874 milhões de 2014.

"Estamos caindo em todos os mercados, com exceção de exemplos pontuais como a Bolívia e os Emirados Árabes , que aumentaram as compras", disse.

Ele afirmou que a diminuição nas vendas ao exterior, praticamente linear, deve-se à valorização da moeda brasileira nos últimos anos.

"Esse fenômeno da desvalorização do real é recente, a negociação internacional toma tempo para produzir algum impacto. Isso poderá ocorrer em janeiro de 2016, quando começam os embarques que correspondem à temporada primavera-verão, cuja negociação ocorreu nos meses de julho e agosto de 2015."

No caso da Argentina, será necessário ter paciência.

"Lá para frente, daqui a dois ou três anos, poderemos ter uma retomada no crescimento desse comércio", resumiu Klein. Ele defende que, hoje, prever algo além disso seria pura especulação.

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