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Indicadores mantêm incerteza sobre economia dos EUA

País teve a maior queda de inflação em 56 anos; indicadores de moradia e de contas públicas ainda estão deteriorados

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h24.

Os Estados Unidos tiveram em abril a maior queda de inflação em 56 anos. O Índice de Preços ao Produtor (PPI, em inglês) recuou 1,9% no mês e reforça o risco de deflação da economia americana. Esse risco já havia sido sinalizado pelo Federal Reserve, o banco central do país, após a última reunião que decidiu pela manutenção da taxa de juros em 1,25% _o mesmo patamar desde de novembro de 2002.

Uma forte queda nos custos de energia ajudou a derrubar os preços ao consumidor dos Estados Unidos em abril. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,3% em abril, segundo o Departamento de Comércio. O núcleo do índice, que exclui os voláteis preços de energia e alimentos, ficou estável, pelo segundo mês seguido na comparação com março. Nos últimos 12 meses, o núcleo acumula alta de apenas 1,5%, a menor desde março de 1966. O risco de deflação vem de encontro ao índice da capacidade instalada. O índice está em seu menor patamar desde 1983: 74,4%.

As contas públicas do país também não estão dando bons sinais: o déficit da balança comercial de março foi de US$ 43,5 bilhões, ficando acima da expectativa de US$ 41 bilhões. Apesar de o núcleo das exportações ter subido 3% (o patamar mais alto desde agosto 2001) ainda é cedo para evidenciar melhora como conseqüência da depreciação do dólar nos últimos meses, como reflete o próprio resultado do período.

"No plano fiscal, a dívida local dos estados aumentou 11% em 2002, mais que qualquer outro setor. Os governos locais enfrentam uma necessidade de financiamento não vista nos últimos dois anos e tiram proveito das baixas taxas de juros. Pelo momento o maior endividamento é viável", avalia o Lloyds TSB. "No entanto, as incertezas continuam e os índices da confiança não reflete melhoras na atividade interna."

A taxa de desemprego americana subiu em abril para 6% da

população economicamente ativa, o maior patamar desde julho de 1994, alcançando um total de 8,8 milhões de trabalhadores fora do mercado de trabalho. "Enquanto a economia americana não crescer acima de 3% ao ano, a possibilidade de uma queda consistente na taxa de desemprego se torna estreita", avalia a consultoria Global Invest.

O início de construção de novas moradias nos Estados Unidos caiu 6,8% em abril. A queda foi muito acima das expectativas e é resultado da baixa na construção de prédios residenciais. Mas os alvarás, -que indicam a confiança nas vendas futuras- cresceram 1,2% no mês passado, parcialmente revertendo um declínio observado em março, informou nesta sexta-feira o Departamento de Comércio.

A construção de novas casas está no nível mais baixo desde abril de 2002. A taxa anual sazonalmente ajustada está em 1,630 milhões de unidades comparado com um número revisado para baixo de 1,748 milhões em março. O início de construções de prédios de cinco ou mais unidades baixaram 22,5% para uma taxa anual de 244.000, o menor nível desde janeiro de 1997.

Um dos poucos indicadores positivos foi divulgado nesta sexta-feira (16/5). A confiança do consumidor do país aumentou no início de maio. Isso reflete que o cidadão americano deixou de lado suas preocupações em relação ao desemprego e apostou em melhores condições econômicas no futuro. O índice preliminar de confiança do consumidor da Universidade de Michigan subiu para 93,2 em maio, depois de ficar em 86,0 na leitura do mês fechado de abril. A expectativa era de uma variação entre 82,0 a 92,3.

O índice de expectativas, que mede as atitudes dos consumidores em relação ao próximo ano, aumentou de 79,3 em abril para 92,7. O índice de condições atuais, que mede a visão do americano sobre sua presente situação financeira, caiu de 96,4 para 94,1. O índice da Universidade de Michigan é baseado em cerca de 300 entrevistas telefônicas com norte-americanos de todo o país. O indicador para o mês todo compreende 500 entrevistas e é divulgado no final do mês.

Outro reflexo positivo do final da guerra contra o Iraque pode ser sentido no mercado de ações em abril. A melhora nas bolsas foi também impulsionada pelos bons resultados das empresas no primeiro trimestre de 2003. O índice Nasdaq apresentou uma alta de 9,2% no mês. Apesar da alta, o índice ainda amarga uma perda acumulada de 13,3% nos últimos 12 meses. O índice Dow Jones teve a maior alta mensal dos últimos seis meses com uma variação de 6,11%. Nos últimos 12 meses o índice acumula uma queda de 14,7%.

"O S&P 500, índice da Standard&Poors que mede o desempenho de 500 empresas americanas, subiu 8,13% no mês de abril. O índice acumula uma perda de 14,9% nos últimos 12 meses", afirma a consultora Global Invest. "Com o fim da temporada de resultado de empresas, os próximos indicadores econômicos serão os responsáveis na definição do rumo das bolsas em maio."

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