Economia

Hidrelétricas podem seguir com chuva abaixo da média em 2018/19

Se confirmadas, previsões levariam a precipitações na região das usinas ainda piores que em 2017, o que contribuiria para manter pressão sobre contas de luz

Hidrelétricas: reservatórios começariam a reta final do ano em 20 por cento da capacidade de armazenamento, perto do pior nível já registrado no histórico (Cemig/Divulgação)

Hidrelétricas: reservatórios começariam a reta final do ano em 20 por cento da capacidade de armazenamento, perto do pior nível já registrado no histórico (Cemig/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 30 de julho de 2018 às 17h20.

Última atualização em 30 de julho de 2018 às 17h32.

São Paulo - Os reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil, podem enfrentar uma nova temporada de chuvas abaixo da média histórica entre o final deste ano e os primeiros meses de 2019, o chamado "período úmido", em que geralmente se espera recuperação dos reservatórios, disseram especialistas do setor à Reuters nesta segunda-feira.

Se confirmadas, as previsões levariam a precipitações na região das usinas ainda piores que no ano passado, o que contribuiria para manter uma pressão sobre as contas de luz, que já estão desde junho com a bandeira vermelha nível 2, que eleva custos para os consumidores para sinalizar uma menor oferta de geração.

Um eventual desempenho abaixo da média nas chuvas significaria ainda a continuidade de um padrão negativo que tem se repetido desde ao menos a última hidrologia mais favorável para a produção hidrelétrica, no período chuvoso de 2011/2012.

"Nossas projeções apontam hoje para um período úmido abaixo da média de longo termo (MLT) em 2018/2019. Seria ainda pior que em 2017/2018... entre dezembro e abril, (as precipitações na área dos reservatórios) devem ficar em torno de 82 por cento da média histórica", disse à Reuters o gerente executivo de Preços da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Cesar Pereira.

A média das precipitações foi de 87 por cento na época de chuvas de 2017/18.

A consultoria meteorológica Climatempo tem uma visão bastante semelhante, com expectativa de atraso no início das precipitações, que se recuperariam em março, mas ainda não seriam suficientes para recuperar o tempo perdido.

"De uma forma geral, de outubro a março a expectativa é de chuva abaixo da média. O 'período úmido' vai ter menos chuva que o normal de uma forma geral no Brasil", afirmou à Reuters a diretora de meteorologia da Climatempo, Patricia Madeira.

"A gente pode estimar que durante todo o período úmido no sistema elétrico, a chuva vai ficar cerca de 30 por cento abaixo da média", adicionou ela.

A Climatempo não detalhou projeções específicas para cada mês no período.

Já a CCEE estima precipitações na região das hidrelétricas em 86 por cento da média em novembro e 88 por cento em dezembro. Em janeiro, seriam 83 por cento, com 81 por cento em fevereiro, 78 por cento em março e 79 por cento em abril.

Essa projeção poderia eventualmente melhorar conforme se materialize o fenômeno climático El Niño, que pode favorecer chuvas na região sul, segundo Pereira, da CCEE.

"Hoje, no entanto, a gente não consegue ter certeza se ele vai se configurar e nem se vai ter intensidade suficiente para melhorar (as perspectivas) na região Sul e dar uma 'folga'", explicou.

Nesse cenário, os reservatórios das hidrelétricas começariam a reta final do ano em 20 por cento da capacidade de armazenamento, perto do pior nível já registrado no histórico, de 17,9 por cento no final do ano passado, segundo a CCEE.

Além do efeito nas tarifas, as chuvas abaixo da média podem também pressionar empresas de geração com grande concentração de ativos hidrelétricos, que precisam comprar energia no mercado de curto prazo para compensar uma menor produção de suas usinas quando os reservatórios estão baixos.

 

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