Economia

Há um boom de petróleo escondido no Atlântico no Reino Unido?

Petróleo no Reino Unido: acredita-se que um dos campos, no Oceano Atlântico, tenha meio bilhão de barris de petróleo recuperável

Petróleo no Reino Unido: acredita-se que um dos campos, no Oceano Atlântico, tenha meio bilhão de barris de petróleo recuperável (Peter Nicholls/Reuters)

Petróleo no Reino Unido: acredita-se que um dos campos, no Oceano Atlântico, tenha meio bilhão de barris de petróleo recuperável (Peter Nicholls/Reuters)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 25 de novembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 25 de novembro de 2018 às 06h00.

Em uma manhã ensolarada de outubro, membros da The Geological Society lotaram um auditório ornamentado em sua imponente sede em Piccadilly, Londres. Um deles apresenta um cientista que “não precisa de apresentação”, o homem que as pessoas foram ver.

Após subir ao pódio, o doutor Robert Trice, um obcecado por rochas durante toda a vida, CEO da petroleira independente Hurricane Energy, ajustou os óculos e sacudiu os cabelos pálidos. Depois, explicou sua ideia bilionária.

De dentro de um navio, em meio a ondas de 20 metros ao largo da costa das ilhas escocesas, ele pretende colocar uma broca com ponta de diamante no fundo do mar. Ele a fará atravessar camadas de rochas de arenito antes embebidas de petróleo até estratos de granito sólido -- o que os geólogos chamam de embasamento. Em seguida, a broca vai girar e, espera-se, cruzará uma série de rachaduras formadas naturalmente. Se a ciência dele estiver correta, haverá petróleo suficiente nessas fendas para torná-lo muito rico.

Por mais de uma década, os participantes do setor criticaram a ideia por ser cara demais, tecnicamente muito desafiadora e até geologicamente ridícula.

“Parei de discutir com eles”, disse, durante um almoço, no dia anterior ao seu discurso, tomando um copo de vinho tinto. “Eles verão.”

Trice, 57, doutor em geologia que trabalhou no setor de petróleo durante três décadas e fundou a Hurricane na oficina de sua casa, em 2005, gosta de se comparar a outro rebelde que passou da condição de voz solitária à de profeta bilionário: George Mitchell, o pai da perfuração do xisto.

Mitchell começou a fazer experimentos com a ideia do fraturamento hidráulico, ou “fracking”, em rochas de xisto nos anos 1980. Foram necessários milhares de poços e 30 anos para que o setor de petróleo dos EUA adotasse amplamente as práticas que ele criou. Quando isso aconteceu, os EUA se transformaram no maior produtor de combustível fóssil do planeta, alterando permanentemente o comércio global de energia. Mitchell morreu em 2013 aos 94 anos com uma fortuna de US$ 2 bilhões.

O granito que está sob o Oceano Atlântico a oeste da ilha de Shetland provavelmente não será outra bacia de Permian, mas se Trice estiver certo a respeito da geologia, guarda bilhões de barris de petróleo inexplorado. O sucesso viria a calhar para o atribulado setor de petróleo britânico, onde a perfuração está no nível mais baixo desde o nascimento do Mar do Norte, na década de 1970.

“O embasamento fraturado não é um mito”, disse John Browne, ex-CEO da BP, que passou parte do início de sua carreira trabalhando no Mar do Norte. “Mas é difícil perfurar.”

Um relatório encomendado pela Hurricane conclui que um de seus campos, chamado Lancaster, provavelmente tenha meio bilhão de barris de petróleo recuperável. A reserva valeria quase US$ 33 bilhões com o barril de petróleo Brent a US$ 65 e grande parte do dinheiro iria para o governo britânico na forma de impostos. A Hurricane também está estudando outros dois campos que teriam mais alguns bilhões de barris.

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