Governo quer evitar endividamento excessivo das famílias
Em sua opinião, o endividamento não está em patamar “excessivo”, as pessoas gastam “conforme as suas necessidades”
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 12h58.
Brasília – O governo está atento ao endividamento das famílias proporcionado pela facilidade de crédito, diminuição de juros, aumento do poder aquisitivo e ascensão de 38 milhões de brasileiros à chamada nova classe média.
Segundo o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco, “o governo não vai interferir”, mas vai cuidar para que as famílias “não se endividem além da possibilidade”. Em sua opinião, o endividamento não está em patamar “excessivo”, as pessoas gastam “conforme as suas necessidades” e há um bom volume de poupança, “35% da classe média está poupando”, garantiu. Moreira Franco participou hoje (4) do programa de rádio Bom Dia, Ministro produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços. Durante o programa, o ministro não antecipou nenhuma medida de prevenção.
Perguntado se o governo estaria estimulando muito o consumo de automóveis e motos e se não haveria gastos em excesso com itens considerados supérfluos, como cosméticos, em vez de maior investimento das famílias em educação, o ministro respondeu que o incremento do consumo de carros é natural pela “falta de estrutura de transporte de massa” e destacou que a elevação de gasto com cosméticos é consequência da maior participação das mulheres no mercado de trabalho.
O ministro admitiu, no entanto, que é necessário melhorar a qualidade do ensino no Brasil. “A escola não vem atendendo com qualidade ao que o mercado de trabalho exige”, criticou antes de ponderar que será necessário aumentar os gastos no sistema educacional público a ponto de absorver um aumento de demanda de 30 milhões de pessoas. “A estrutura de gasto deverá ser proporcional à força de entrada [da população ascendente] na classe média.”
Durante o programa, Moreira Franco rebateu as críticas de especialistas que consideram errado chamar o grupo social emergente de nova classe média. “O critério [de classificação] é renda, de acordo com a realidade brasileira”, disse ao lembrar que apenas 10% da população tem renda familiar per capita acima de R$ 1,7 mil (e 0,3% acima de R$ 10 mil).
O ministro defendeu o critério usado pelo governo, de situar a classe média no intervalo de renda mensal per capita de R$ 291 a R$ 1.019, destacando que ele está “calibrado” com a realidade internacional. “Somente 18% da população mundial vive [com renda] acima de R$ 1.019”, reforçou. Franco destacou que a classe média no Brasil é responsável por deixar R$ 1 trilhão no mercado de consumo – o que pode estimular aumento da produção interna e do emprego.
Para o governo, o principal fator de ascensão social é o aumento da renda, face ao “ganho real” dos salários e a “inflação controlada”. “A classe média não é resultado só das políticas assistenciais. O crescimento [do estrato social] é consequência do aumento da renda do trabalho.”
O ministro elogiou o foco do programa Brasil Carinhoso que irá priorizar o atendimento e o aumento de renda das famílias com crianças. “No Brasil, os mais pobres são as crianças; os idosos são mais ricos”, disse ao explicar que o sistema de proteção social (desenhado desde a Constituição Federal de 1988) ampara melhor os idosos.