Economia

Governo promoverá privatização da Cesp no exterior, diz fonte

Em paralelo, haverá ainda apresentações para grupos brasileiros, sendo que alguns desses já chegaram a demonstrar interesse na transação

Cesp: o leilão de privatização está previsto para setembro deste ano (Marcos Issa/Bloomberg)

Cesp: o leilão de privatização está previsto para setembro deste ano (Marcos Issa/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 27 de junho de 2017 às 18h12.

São Paulo - O governo do Estado de São Paulo promoverá em julho reuniões com investidores na China, na Europa e na América do Norte para buscar interessados na elétrica paulista Cesp, cujo leilão de privatização está previsto para setembro deste ano, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.

A viagem deverá contar com representantes da Secretaria da Fazenda de São Paulo, da Cesp e do Banco Fator, que foi contratado para assessorar o processo de venda do controle da empresa, e o foco será apresentar a oportunidade de negócio a investidores estratégicos e financeiros na China e na América do Norte e a investidores institucionais na Europa.

Em paralelo, haverá ainda apresentações para grupos brasileiros, sendo que alguns desses já chegaram a demonstrar interesse na transação, de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as conversas não são públicas.

Atualmente, a equipe responsável pela privatização está atualizando os estudos sobre o preço que será fixado para as ações da elétrica estatal que serão vendidas, o que deverá ser divulgado no edital definitivo do processo, que deve ser publicado na primeira semana de agosto.

Esse preço, disse a fonte, deverá levar em consideração a expectativa de que o novo controlador da Cesp receberá indenizações do governo federal após o vencimento das atuais concessões das três hidrelétricas operadas pela empresa, em 2020, 2021 e 2028.

Além disso, a Cesp tem mantido uma disputa judicial com o governo federal para exigir uma indenização maior por usinas que tiveram as concessões vencidas nos últimos anos e já foram inclusive devolvidas à União e relicitadas.

Segundo a fonte, o edital da privatização terá uma cláusula para prever um "earn-out", caso o novo controlador consiga elevar os valores dessas indenizações, que foram reconhecidos pelo governo em 1,95 bilhão de reais.

A Cesp defende na Justiça que teria direito a cerca de 8,25 bilhões de reais por investimentos feitos nessas usinas e que ainda não haviam sido amortizados.

"Na negociação (com o novo controlador), se houver qualquer ganho, haverá um earn-out para os atuais acionistas da empresa... isso vai estar no edital", disse a fonte.

Ainda de acordo com a fonte, não há grande preocupação sobre os efeitos da crise política do Brasil sobre o leilão, uma vez que o negócio oferecerá rentabilidade e uma boa relação entre risco e retorno.

Procurada, a Cesp não se manifestou imediatamente sobre o assunto.

As ações da Cesp fecharam em alta de 1 por cento.

Sem extensão de contratos

As ações da Cesp dispararam desde julho do ano passado, quando o governo paulista admitiu estudos para avançar com a privatização da Cesp, e aumentaram os ganhos neste ano, com a expectativa de que a estatal poderia aproveitar um mecanismo da legislação para renovar por 30 anos suas concessões e assim tornar mais atraente a privatização.

Mas essa possibilidade acabou descartada pelo governo paulista porque o governo federal queria absorver os ganhos com o novo prazo e ficar com uma parcela do ágio que a extensão de contratos possibilitaria no leilão de privatização.

Segundo a fonte, o avanço da União sobre os ganhos com essa possibilidade e o fato de que essa alternativa exigiria negociações com a União sobre os detalhes de como aplicar a legislação fizeram com que o governo paulista decidisse avançar com o processo sem renovar as concessões, para não "perder o controle sobre o cronograma" da operação.

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