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Governo não sabe o que fazer para incentivar produção, diz Fiesp

A produção da indústria paulista não pára de cair. O nível de utilização da capacidade instalada bateu em 78,7% em junho - o pior resultado em um mês de junho desde 1996, quando ficou em 77,5%. O Indicador da Atividade Industrial (INA) registrou em junho uma redução de -0,2% em relação a maio. Apesar de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.

A produção da indústria paulista não pára de cair. O nível de utilização da capacidade instalada bateu em 78,7% em junho - o pior resultado em um mês de junho desde 1996, quando ficou em 77,5%. O Indicador da Atividade Industrial (INA) registrou em junho uma redução de -0,2% em relação a maio.

Apesar de a variação do INA parecer pequena, o resultado é considerado ruim para o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias de São Paulo (Depecon/Fiesp), responsável pela elaboração do indicador. Primeiro, porque a queda segue-se a outra redução, de -0,2% entre abril e maio, e indica estagnação. Segundo, porque junho é um dos melhores períodos para a indústria brasileira e uma queda neste mês não é normal.

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Para a diretora do Depecon, Clarice Messer, o baixo desempenho da indústria já poderia estar sendo contornado por uma mudança de rumo na política econômica do governo federal. "O governo ainda não sabe onde quer chegar no que se refere à indústria", diz Clarice. "Temos defendido em vão a utilização do desempenho industrial como um dos critérios a se considerar dentro da política econômica." Nas palavras de Clarice, "não estamos à beira de um ataque de nervos", como deu a entender o empresário Eugênio Staub, presidente da Gradiente, ao afirmar que os indicadores brasileiros retrocederam ao ano de 1965. "Mas a vida está ruim para todo mundo."

A Fiesp defende duas iniciativas para reaquecer o consumo no mercado interno, principal responsável pela queda dos indicadores industriais: 1) Na política monetária, a entidade pede o corte efetivo da taxa básica de juros, a Selic, e a redução do depósito compulsório (parcela dos depósitos feitos em bancos que ficam retidos no Banco Central). Ambas medidas liberariam dinheiro para baratear e ampliar o crédito à população e incentivaria o consumo de bens semiduráveis e duráveis. 2) Na política fiscal, a Fiesp prega a desoneração dos investimentos - ou seja, a isenção fiscal e até a adoção de subsídios para incentivar os investimentos na produção. "Na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos não se onera o investimento", diz Clarice.

Entretanto, a Fiesp não endossa medidas setorizadas, como o programa de incentivo às montadoras, ventilado pelo governo, que prevê redução de tributos e incentivo ao crédito especificamente para renovar a frota nacional. "Se você reduzir o imposto de um lado, vai ter de aumentar em outro", diz Clarice "O melhor é fazer uma reforma tributária abrangente. O resto é retalho."

Queda se espalha

A redução do INA no primeiro semestre foi percebida em diferentes setores da indústria paulista. No segmento de minerais não metálicos, ligado à construção civil e dependente do mercado interno, os resultados negativos se acumulam. O INA registrou queda de -1,9% em junho, em relação a maio. Sobre junho do ano passado, a queda chega a -11,8%. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, a queda está em -3,7%. A produção nas indústrias de material plástico teve leve alta em junho, em relação ao mês anterior, mas em relação a junho do ano passado a queda chegou a -5,8%. No primeiro semestre, a redução acumulada está em -7,9%.

O INA da indústria de material de transporte (primeiro segmento a sinalizar a queda no consumo interno ainda em março) permanece em baixa, apesar de a cadeia automotiva ter buscado a exportação para aliviar as perdas no mercado doméstico. O segmento, que inclui também fornecedores de autopeças, registrou contração de -2,5% em junho, sobre maio. Em relação a junho do ano passado, a queda foi de -12%. No primeiro semestre, a queda do indicador está em -5,5%. "Nossa expectativa é que a produção industrial aumente em agosto e outubro para atender a demanda de final de ano", diz Clarice Messer. "Mesmo assim, vamos terminar o ano no zero-a-zero, com um crescimento da produção entre 1% e 1,5%."

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